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domingo, 13 de dezembro de 2009

Candelabros

Deitar fora o tempo no pavilhão
das coisas, no formidável calabouço
das idéias reter a ruína mais obsoleta
e espalhar a colheita dos dias
num vento frio e frágil, que agora
pede passagem para hibernar
nas sombras do amanhã.
Que fez os homens com a chama
e o pavio da liberdade, que iluminava
seus crisântemos, tão amarelos,
suas cristas de castelos,
seus sonhos, seus abomináveis instantes?
Pulsa iminente a rosa púrpura
do amor que as grades já não prendem,
pulsa como grito e dor, pulsa
como sal, tempestade de vácuo
que pousa sobre todos os sentires,
sobre a lágrima mais tênue,
sobre o sorriso mas avexado,
e uma ponte extremando os laços,
e uma cicatriz picando as artérias
do coração das ruas, cidade sem ar,
sem artefato, alamedas nuas,
candelabros e o escuro da noite
fazendo verso com a solidão...
Forjar assim, sem escudo e aço,
a eterna prisão sem máscara,
o aconchego esfarrapado que
comprou um dia o que não tinha lustre,
pois um farol morto é apenas um farol:
eu caminhando absorto pelo netuno
do horizonte sem chão...

Um comentário:

Dauri Batisti disse...

Você e o seu estilo, no jogo das palavras, nem tanto pelo sentido, mas pelas palavras em si. Elas por elas.

Marco algumas:
1. reter as ruínas;
2. ponte extremando os laços;
3. netuno do horizonte.

Não sei o que elas dizem, nem sei o que leio, mas leio e isso define
uma linha de alguma possibilidade. Basta.


Um abraço.

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