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terça-feira, 28 de outubro de 2008

Elo

...e ele resolveu descascar mexerica

e ficar observando ela tirar cutículas das unhas.

Ela fica bonita assim, toda vez que está distraída,

e quando seus olhos se fitam, nem mesmo o relógio se mexe,

nem o peixinho no aquário se move,

apenas o instante parece inundar no tempo

e nos olhares enternecidos.

Ela é de fevereiro, ele de janeiro,

mas são do mesmo signo

e compartilham uma devoção ao amor despreocupadamente

quando não se precisa de bilhetes,

nem de palavras,

somente o olhar para dizer o que se sente.

domingo, 26 de outubro de 2008

Quando eu aprender a amar...

Quando eu aprender a ler as estrelas,

Quero ler um pouco de você para poder descobrir

Um pouco do amor que eu ainda não aprendi.

Quando eu aprender a ler o amor,

Quero aprender também a guardar comigo

Sempre o melhor para lembrar depois

E ficar aqui pensando, pensando...

E assim, vou ficar sorrindo como você sorri,

Pois do amor que há em você

Eu apenas sei que é assim: colorido.

Quando eu aprender a amar,

Quero deixar bem claro para mim mesmo

Que poderei amar um milhão de vezes,

Mas nunca amarei do tamanho e do jeito como amo você.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Descoberta

Quando eu era criança construía um sonho com as mãos ao fabricar meus próprios brinquedos. Agora, crescido, descobri que não posso mais construir meu sonho com minhas mãos, pois não depende somente delas nesse complicado mundo adulto.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Mediocridade

Certo que nada faz sentido
Quando tudo é papel rasgado
Tudo é fino como lustre e verniz
A poeira se levanta e abaixa
E apaga os passos de quem pisa com firmeza

Certo de que por mais que o corpo se canse
Mais que a canção volte a tocar do início,
O risco torna-se um riso enfraquecido,
O fado um lençol desbotado
Que já não cobre os pés numa noite de verão

Certo, não mais que certo
Que haverá sempre um amigo de alguém
A preencher o vazio onde desejamos estar
E perguntamos: porque precisa ser assim?
Mas certo mesmo é que um ovo de galinha vende muito mais do que um de pata,
Pois a primeira sempre oferece a quem precisa
Quanto que a segunda se mantém intacta na sua qualidade
De deixar que a procurem.

sábado, 18 de outubro de 2008

Casulo

Não sei escolher meu rumo
Quando estou acostumado a seguir
Os passos invisíveis do meu próprio eu
Caminhando para um lugar infinito,
Escolho apenas me deixar levar
Como folha que flutua livre e leve
Pelo vento.
Se eu fosse apenas pensamento,
Seria uma escada sem degraus
Que não sobe nem desce,
Apenas flui, e, assim,
Convidaria-me a morar em mim como
Vespas que moram num casulo de algodão e de seda.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O homem se faz...

O homem se faz tamanho
Cada dia que a hora corre
Seu figurino é vestir suas verdades de um tempo a outro
O homem se faz espanto
Quando de repente seu amigo mais vaidoso
Se dá conta de que o cansaço
Já está refletido em seus olhos brilhantes
Uma canção para morder as páginas desbotadas
Um sorriso pra comemorar os suvenires de uma alvorada,
Talvez passada, talvez iminente,
Com a certeza mais debochada
Que só faz sentir que vale mais a pena
Por outras horas mais ou menos cansadas
Mas não menos almejadas que é estar aqui
O homem se faz...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Flores e sorrisos

Faça um favor com um sorriso
E diga obrigado com uma emoção escancarada no rosto
Em tom vermelho, em tom de alegria
Pois contentamento tempera o dia de quem te recebe
E de quem te concede o prazer de uma boa conversa
E tu ficas mais jovem
E a beleza tão almejada desabrocha num brilho de olhar
Não te ofereço uma receita de bem viver,
Apenas percebo que o mundo fica mais colorido
Quando as flores se respeitam e se completam num mesmo jardim.

Diálogo

Escrevo para esquecer minhas distâncias, para alcançar minha lembrança que um dia fora tão azul. Escrevo para diminuir minha dor de lembrar sempre que estás tão longe... Para esquecer que a ausência sabe dizer exatamente o tamanho da minha solidão. Escrevo, de antemão, para lembrar de mim num futuro onde eu não perceba mais quem sou, para me fazer safar das agonias que encontro pelos labirintos espalhados por sorrisos fleumáticos, por lágrimas vis. Escrevo para dizer a ti que me lês, que aqui onde estou não é melhor do que esse teu lugar tempo onde vives, para dizer que o passado é uma bobagem que plantamos no nosso imaginário, para dizer que o que importa mesmo é desenhar o melhor momento da tua vida aí mesmo, nesse exato instante, com o que tens de lápis e pincel nas mãos. O futuro não existe - o passado é apenas esse agora que teima em se distanciar de nós e nos empurrar para algum lugar que vai dar sempre onde estivermos com uma diferença de que estaremos com os olhos mais cansados. Sendo assim, escrevo para te pedir que esqueças tudo e viva.

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