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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Tarde prematura

Na tarde prematura dos meus
eu vi pender, sem candura,
a cura sem sorte nos braços de Alice.

Agora era um mar de morte,
a vida desinibida,
esmorecida num parque de outrora
de árvore desigual.

Tudo era fatal -
o olhar covarde como porcelana
que ainda arde e fana
em minha íris de cristal.

E ela disse:
- Quem me chama? Quem me chama?

Sob o olhar desconfiado
de estranhos, ela se move
para fora de seu corpo frágil,

estende os braços
e crava, no coração gelado da cidade,
seu espinho de rosa,
seu sorriso despetalado
ao vento

e chora, com o sangrar dos ausentes,
seu grito último de esperança.

domingo, 27 de novembro de 2011

A ceia

É domingo na manhã acordada
da semana - o plágio soberbo
da soberania dos dias.

Trás às pálpebras
a abertura clarividente
da noite de sábado
mal dormida, eremitas
na marcha vespertina
rondando os pés roídos
do chão...

Ao ermo de mim sombreia,
indulgente,
o olhar de vidro,
deitando ao horizonte
a piedade dos que
acordam sem a salvaguarda
das horas.

É domingo na matriz do tempo,
no verbo distorcido,
na palavra lavrada de ócio
e lida, no próprio vício
de publicar os vômitos
do mundo.

E ao badalar do instante
desvirgina a memória
mais infeliz,
e é ruptura na face humana,
buscar no acaso
a solidez da garoa
vertida nessa tez infinita de mim.

domingo, 20 de novembro de 2011

A calçada dos elefantes

Deixou para trás
a calçada,
a pisada firme,
a cabeça de elefante.
Pigarreia agora
o pulmão cansado
e leva embora
o banco gelado
de pedra
que consola
o seu sentar.

Deixou para trás
as notas de rodapé
e configura
no rosto de sol
a rua atrás,
as pegadas,
o próprio caminho.

Deixou para trás
um silêncio
que ficou escondido
na voz rouca
de agora,
o brado,
o lado brio
que carrega
na palma
tão calejada
da mão...

Recreio

Na espraiada do verão
buscar na hora perdida
o recreio
e construir cedo
pedaços de sonho,
cultivar a criança
de amanhã...

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Arremedo

Largo é o tempo que,
sem demora, cobre a nódoa
assentada nas pedras
com a película
da cólera impensada.

Vento lento e desvairado
vem sem arremedo
descortinar
o chão de folhas
que espalhou
com sua ingratidão...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Une fenetre pour le sourire

Je sais, que juste savoir aimer
Et dans tous les coins de ma journée
Je vois ton sourire me peindre
Comme une aquarelle de sourire

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Entre dois

Ao céu, o infinito.
Ao chão, o limite.
Entre os dois,
o sonho
escapulindo,
de vez em quando,
da cabeça dos homens.

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