Eu sou do mundo,
eu sou livre como um vagabundo
que se senta sobre um banco de praça
e observa a vida acontecer...
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Comida e fome
Sob a mesa, o prato frio
na esperança de um silêncio morno,
na elegância de cultivar talheres
com a deglutição da vida
pela morte do alimento.
Espero ávido pela lembrança do tempo,
espero lamento pelo que não sonhei,
assim cultivei no mármore do dia,
minha história vestida de letra e fome.
Na prontidão de me avisar
que o almoço estava pronto,
esqueceu-me de dizer
que a comida estava crua.
Morro assim como morre
o vento, como morre o cata vento
que estanca seu segredo sem tomar direção.
na esperança de um silêncio morno,
na elegância de cultivar talheres
com a deglutição da vida
pela morte do alimento.
Espero ávido pela lembrança do tempo,
espero lamento pelo que não sonhei,
assim cultivei no mármore do dia,
minha história vestida de letra e fome.
Na prontidão de me avisar
que o almoço estava pronto,
esqueceu-me de dizer
que a comida estava crua.
Morro assim como morre
o vento, como morre o cata vento
que estanca seu segredo sem tomar direção.
domingo, 19 de agosto de 2012
Carpe diem
O dia amanhece sua privacidade
de pele nua, o dia sujo
vestido de rua pelo lampejo da sorte.
O dia é antes, deserto,
fogo cruzado, candeia de morte e solidão.
O dia é nuvem cinzenta, cálice e calabouço,
maquina ao relento, diamante
desmaterializado em grafite.
O dia mente a sua calçada,
vinga a sua labuta pelo asfalto,
seus pés de barro.
O dia é um plasmado silêncio de ilusões
que, obtuso, fenece o corpo
no cárcere das conquistas.
O dia é um chão batido
de preguiça pela alma cansada de trabalho.
de pele nua, o dia sujo
vestido de rua pelo lampejo da sorte.
O dia é antes, deserto,
fogo cruzado, candeia de morte e solidão.
O dia é nuvem cinzenta, cálice e calabouço,
maquina ao relento, diamante
desmaterializado em grafite.
O dia mente a sua calçada,
vinga a sua labuta pelo asfalto,
seus pés de barro.
O dia é um plasmado silêncio de ilusões
que, obtuso, fenece o corpo
no cárcere das conquistas.
O dia é um chão batido
de preguiça pela alma cansada de trabalho.
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
Para trás, querelas
Aos que se prendem,
inconfidentes à própria razão,
lembrar que o dia
é colher anatomias das horas,
deixar para trás, querelas,
querer belas,
as coisas simples
que o sofisticado não pode dar.
inconfidentes à própria razão,
lembrar que o dia
é colher anatomias das horas,
deixar para trás, querelas,
querer belas,
as coisas simples
que o sofisticado não pode dar.
domingo, 5 de agosto de 2012
Ausência
Quantos aviões preciso
para levar embora meu desespero?
Meu medo de altura, minha falta de fé
de que abaixo do chão não há precipício.
Caio, sob o peso da ausência,
pelos buracos e pedras
que encontro pela calçada da minha rua.
E os balaústres vigiam, do alto das fachadas,
o caminhar cocho das pernas sem esperança
ao encontro do que adiante é bonito.
As portas ornamentam, entre trincas e correntes,
mais do que uma fechadura - são grades -
prisão que acolhe para si
como sentinela a espreitar o que ocorre lá fora.
E as janelas, entreabertas, revelam o esconderijo
que salta por detrás dos olhos famintos
de gente.
A rua é silente, apenas o silvo do vento
e o espectro da fumaça esvaindo-se
a cada trago no cigarro do jornaleiro.
Quantos maços são preciso
para alimentar o vício e a fome
de apascentar a angústia, o que não tem nome?
Vou-me embora; e retorno cedo
e assisto a ópera sem segredo algum
que se revela pelos gritos da rua de paralelepípedos.
Trancos, solavancos, carroças onde encontro,
na pujança dos meus dias,
a minha sorte de ser feito de ferro por fora e, por dentro,
derramo, visceral, um sentimento maior desse mundo.
para levar embora meu desespero?
Meu medo de altura, minha falta de fé
de que abaixo do chão não há precipício.
Caio, sob o peso da ausência,
pelos buracos e pedras
que encontro pela calçada da minha rua.
E os balaústres vigiam, do alto das fachadas,
o caminhar cocho das pernas sem esperança
ao encontro do que adiante é bonito.
As portas ornamentam, entre trincas e correntes,
mais do que uma fechadura - são grades -
prisão que acolhe para si
como sentinela a espreitar o que ocorre lá fora.
E as janelas, entreabertas, revelam o esconderijo
que salta por detrás dos olhos famintos
de gente.
A rua é silente, apenas o silvo do vento
e o espectro da fumaça esvaindo-se
a cada trago no cigarro do jornaleiro.
Quantos maços são preciso
para alimentar o vício e a fome
de apascentar a angústia, o que não tem nome?
Vou-me embora; e retorno cedo
e assisto a ópera sem segredo algum
que se revela pelos gritos da rua de paralelepípedos.
Trancos, solavancos, carroças onde encontro,
na pujança dos meus dias,
a minha sorte de ser feito de ferro por fora e, por dentro,
derramo, visceral, um sentimento maior desse mundo.
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Saudação à infância
Eu tenho lembrança do tempo,
ostracismo torto de mim.
Tirar o sapato duro
é de um esforço inocente
com a alma brilhando a ternura
pelo olhar adulto.
A porta é hoje a liberdade
que cura o abrir e fechar,
andar de dorso nu
da cosinha ao quarto dizendo: tchau!
Eu tenho no peito
uma tosse fingida de ganhar afago,
as mãos esticadas
alcançando o futuro tão cansado.
A melhor hora é quando,
num estalido, ontem e hoje
se eoncontram, quase despercebidos,
pela varanda a saudar
minha entrada numa
pincelada pueril de encanto.
ostracismo torto de mim.
Tirar o sapato duro
é de um esforço inocente
com a alma brilhando a ternura
pelo olhar adulto.
A porta é hoje a liberdade
que cura o abrir e fechar,
andar de dorso nu
da cosinha ao quarto dizendo: tchau!
Eu tenho no peito
uma tosse fingida de ganhar afago,
as mãos esticadas
alcançando o futuro tão cansado.
A melhor hora é quando,
num estalido, ontem e hoje
se eoncontram, quase despercebidos,
pela varanda a saudar
minha entrada numa
pincelada pueril de encanto.
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