Os opostos não se atraem,
se repelem
tanto que um quer se fundir no outro
ao ponto de que o outro
não tenha a mínima chance de o ser
em sua integralidade.
Entre iguais,
dois corpos não habitam o mesmo espaço,
mas cada um reconhece
o espaço alheio
e é essa mecânica invisível
que move toda coisa do universo.
Não é um manifesto disso
ou daquilo
mas um clamor ao respeito
de que cada um tenha direito
a sonhar
antes de colocar a cabeça
dentro de um travesseiro
e morrer sufocado de dor
e lágrimas.
sábado, 24 de outubro de 2015
Recado
Minha filha,
a vida é triste e pequena
e eu navego nos seus temas
dia após o outro
como um pirata
raspando seu casco
de borracha
pela negritude
de sua pele de asfalto.
Peço que tenha paciência
para além
dos seus alentos,
que o sonho é feito de esperar
que a tarde venha
mais devagar
que um trem urbano
sob os trilhos
de um endereço
que não sabe se quer voltar.
Peço que não se atrase
em demorar seu riso
pela labareda viva que emerge
de cada margem
esquerda e plácida
de uma travessia.
Há entre os dois lados
da ponte uma eterna
queda para a indecisão.
Não se quede
para labirintos
que não saberá onde está a saída,
nem se prive de conhecer o desconhecido.
Mas antes, ouça muito bem
esse silencio gritando dentro de você.
É nele que mora
a porta e o segredo de tudo.
Ame mais que eu amei,
mais que um dia possa amar
e quando tiver dúvidas,
as tenha,
mas não se estabeleça nelas
como uma pedra
fincada no subterfúgio.
Antes, examine-as e as coloque
na pauta da solução
que, com certeza,
achará para guiar seu coração.
a vida é triste e pequena
e eu navego nos seus temas
dia após o outro
como um pirata
raspando seu casco
de borracha
pela negritude
de sua pele de asfalto.
Peço que tenha paciência
para além
dos seus alentos,
que o sonho é feito de esperar
que a tarde venha
mais devagar
que um trem urbano
sob os trilhos
de um endereço
que não sabe se quer voltar.
Peço que não se atrase
em demorar seu riso
pela labareda viva que emerge
de cada margem
esquerda e plácida
de uma travessia.
Há entre os dois lados
da ponte uma eterna
queda para a indecisão.
Não se quede
para labirintos
que não saberá onde está a saída,
nem se prive de conhecer o desconhecido.
Mas antes, ouça muito bem
esse silencio gritando dentro de você.
É nele que mora
a porta e o segredo de tudo.
Ame mais que eu amei,
mais que um dia possa amar
e quando tiver dúvidas,
as tenha,
mas não se estabeleça nelas
como uma pedra
fincada no subterfúgio.
Antes, examine-as e as coloque
na pauta da solução
que, com certeza,
achará para guiar seu coração.
O pôr do sol
Vermelho como um pôr do sol
que se extrai das montanhas
que se esconde nas entranhas
da terra,
atrás de um rio
eu me sou.
No espelho de seu amarelo
na labareda
de sujar o céu
como risco de giz
no chão azul de uma criança
eu me vou.
Compõe-me no eco de sua cor
a se desvendar
como uma ternura que não dói na dor
e beleza inanimada
pela morte de sua luz
que se desmaterializa
no breu de um poema.
Não há nada mais belo,
nada mais cru ou inato
que esse mato
de coelho de páscoa
escondido num ovo.
Eu quero esse grito novo
de plantar um susto
toda vez que corro atrás
de seu rastro
de átomo incandescente.
que se extrai das montanhas
que se esconde nas entranhas
da terra,
atrás de um rio
eu me sou.
No espelho de seu amarelo
na labareda
de sujar o céu
como risco de giz
no chão azul de uma criança
eu me vou.
Compõe-me no eco de sua cor
a se desvendar
como uma ternura que não dói na dor
e beleza inanimada
pela morte de sua luz
que se desmaterializa
no breu de um poema.
Não há nada mais belo,
nada mais cru ou inato
que esse mato
de coelho de páscoa
escondido num ovo.
Eu quero esse grito novo
de plantar um susto
toda vez que corro atrás
de seu rastro
de átomo incandescente.
Tempestade
Cresce no estio de mim
tempestades
cresce flor de capim
sua saudade
voar passarinho
para longe do telhado
e não dormir antes
de sonhar
Cresce sobre o meu fim
descoberta
um olhar para fora
da janela aberta
e molhar meus olhos
com sua chuva de jasmim
Cresce nesse sim
um sino que balança
na cumeeira
exalando o seu carmim
para o endereço do vento
onde não há mais dor
E quando haver cetim
na travessia do meu céu
cortar a nuvem
com meus olhos
de comer infinitos
eu vou estar, enfim,
sorrindo como o branco
de uma porcelana.
tempestades
cresce flor de capim
sua saudade
voar passarinho
para longe do telhado
e não dormir antes
de sonhar
Cresce sobre o meu fim
descoberta
um olhar para fora
da janela aberta
e molhar meus olhos
com sua chuva de jasmim
Cresce nesse sim
um sino que balança
na cumeeira
exalando o seu carmim
para o endereço do vento
onde não há mais dor
E quando haver cetim
na travessia do meu céu
cortar a nuvem
com meus olhos
de comer infinitos
eu vou estar, enfim,
sorrindo como o branco
de uma porcelana.
A ressurreição do poema
Ainda quando eu me for
há de morar minha casa
de onde volto, nó na asa
subir no mundo e só
me decompor um sonho
Ainda se me voltar
para o casulo de antes
morrer nosso instante
um dia depois de voar
sujar a cor do mundo
com sete sílabas azuis
desse prisma que ressoa
sua cova de diamantes
respingar veludo e tinta
e metamorfosear
há de morar minha casa
de onde volto, nó na asa
subir no mundo e só
me decompor um sonho
Ainda se me voltar
para o casulo de antes
morrer nosso instante
um dia depois de voar
sujar a cor do mundo
com sete sílabas azuis
desse prisma que ressoa
sua cova de diamantes
respingar veludo e tinta
e metamorfosear
Assinar:
Postagens (Atom)