Agora, 13:55 da tarde, hora de núpcias com a noiva de véu branco, com as bordas sintomáticas da novidade pintadas de vermelho, escarlate nas bochechas redondas. Um escarcéu direcionando a atenção alheia para o acontecimento: vícios e virtudes, todos ali, misturados como tintas várias em aquarela. E que faz ali aqueles tantos olhares, aqueles tantos homens, aquelas tantas mulheres? O tirano do absolutismo é mesmo quem diverge das probabilidades estatísticas, pois que a gente sabe, essa gente esquartejada em fatias de bolos indivisíveis, assim, numa relação de 10 para 10. É uma totalidade, sim, é, creio que não tão determinista, não tão fatalista quanto à queda das motocicletas que derrapam a gana dos motoqueiros, joelhos, panturrilhas, cotovelos e crânios esmigalhados afora. Porém, quando se planta notícia, o importante é mesmo a opinião mastigada e ruminada dias e dias, num apelo, num bojo de nojo que fica em alto relevo pela paciência. Os abutres, esses cúmplices desnivelam suas janelas, pendem para fora, abertura do mundo, abertura da clausura, fechamento dos caminhos tantos, esses tantos asfaltos que levam , ao menos, a algum devaneio, a alguma interpretação mais ou menos julgada de um ponto de vista da discordância, pois que livros dizem, mas não falam, nem clamam para serem abertos, exceto quando participam de campanhas ilusionistas pela grande fornalha de assar mentes.
Hoje se faz preciso buscar, teclar, deletar, ruminar. Esse último, verbo transitivo direto, é, assim como um estampido, direto e moroso, que tropeça a opinião por várias tentativas e transforma um fato cotidiano num jogo de pingue-pongue, talvez aquele chinês, que é dos mais rápidos, para simbolizar a efemeridade das coisas. Agora que não entro num consenso entre rapidez e vagareza, é porque o absurdo é assim mesmo. Nada é totalmente algo, nada é um zíper que apenas se mantém fechado, abre-se de vez em quando, ou sempre, tornado-se a fechar. O sofrimento está guardado nesse zíper de jeans, ou de mochila pós beatnik, pois que a juventude não pode mais correr atrás dos sonhos quando o casulo os convida para morar para dentro. A metamorfose é hoje validada, é hoje sentida, mas num sentido paradoxal, pois, de tanto correr a tartaruga, descobre essa que a linha de chegada está mesmo é no início, não no fim. São faces contemporâneas vividas e sentidas por todos, sem exceção. Alguns, com suas viseiras, nem sabem dessa nova condição de vida. Entretanto, as conseqüências são inerentes a todos. É uma profilaxia de prazeres, de deveres, de anseios, feita e sentida por todos.
A teia, essa mesma de aranha. Arranha, como diz uma música tropicalista de Brasil Inglês, as inércias. São os paralelos das inércias. No centro, as patas acomodam o grande corpo pesado e sustenta a voracidade do aracnídeo. Pelas bordas, as armadilhas, as distâncias, de um ponto a outro, cada vez mais distante dos tênues fios do cerne. Ali, mora a verdadeira força calada. Calada não por vontade própria de fio de seda que não fala, mas pela força do aracnídeo, que é quem diz, por ser o dono e latifundiário, é quem dita as regras. Que as moscas morram para alimentar, pois as teias, todas elas, estão interligadas ponto a ponto, numa grande rede.
É preciso mesmo desabotoar a camisa, vestir uma bermuda, um vestido leve, calçar uma sandália de dedo, e fazer uma assepsia dos pensamentos. Uma assepsia dos tormentos, fazer o vazio, não o da alma, mas o vazio do supérfluo ser notável. Uma página apenas sempre me basta para externar meus absurdos, efêmeros como um relâmpago, mas duradouros como todas essas coisas inertes, que, como pedras, estão sob a face do planeta desde aqueles primatas que aprenderam a contar bananas.
É preciso mesmo desabotoar a camisa, vestir uma bermuda, um vestido leve, calçar uma sandália de dedo, e fazer uma assepsia dos pensamentos. Uma assepsia dos tormentos, fazer o vazio, não o da alma, mas o vazio do supérfluo ser notável. Uma página apenas sempre me basta para externar meus absurdos, efêmeros como um relâmpago, mas duradouros como todas essas coisas inertes, que, como pedras, estão sob a face do planeta desde aqueles primatas que aprenderam a contar bananas.
11 comentários:
E emenda um pensamento no outro...tecendo a teia da aranha que borbulha em você....todos esses pensamentos para fazer a assepsia da alama.
E vai ...voa pensamento.
beijão
...........Cris Animal
Olá meu novo amigo.
Passei para conhecer seu cantinho e deparo com um texto fantástico.
Pensamentos sobre pensamentos.
Achei genial.
Uma semana de muita paz e luz.
Beijinhos doces, meu novo amigo.
Regina Coeli.
Se todos nós conseguíssemos enxergar a vida por essa visão limpa, asséptica que vc diz, talvez o mundo não seria como é hj.
Talvez as pessoas prestassem mais atenção nas verdadeiras coisa que valem a pena ser vistas nessa vida.As pequenas, que não tem preço, que não se engarrafa, que não se embrulha, é de graça!!!
bjinhos
Mas que lindo esse texto!!!
Vc é fera mesmo, tem o poder de misturar vários sentimentos num lugar só!
Bjs, boa semana!
Olá, tudo bem contigo?
Só passei para deixar um abraço carinhoso e dizer que tem um selo-homenagem para você no meu blog.
Adorei essa "quase cinestesia de si"
Beijos, querido!
Olá Márcio!
Nossa, quanto mais eu leio, mas da vontade de ler. Parabéns pela clareza de idéias e por conseguir transmitir seus sentimentos através de textos tão bem elaborados.
Beijo grande:)
Fico muito agradecida por sua visita ao meu blog e seu comentário encorajador... me senti feliz e honrada, pois vindo de você é importante e compensador!
Um abraço
mirna
Vim te deixar meu abraço...
Meu carinho, meu compasso...
És muito especial para mim, Lembra sempre disso.
Carinho,
Mai
quanta confusão e quanto sentido!
"Nada é totalmente algo"
dentre muitos...pedacinho de teia favorito!
parabéns!!
bj!
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