Desembrulhou com cuidado
a saudade que eu guardei,
foi um encontro descuidado,
na acuidade que eu não sei.
Hoje despertou o mar na aurora
do teu encanto de verso,
pois confesso agora
o fim do meu olhar disperso,
esqueço essa rima de teima:
vou lançar no cais aberto
ao longe, o que em mim queima:
essa vontade de estar mais perto.
Sou trôpego e o vento varre
teus cabelos aos lençóis de areia
tamborilando canções que jazem
tardes distantes, horas que antes
eu não pude gritar, horas que antes
eram açude, oco cortante,
horas que antes eram vazio,
pois sou como frio que necessita calor,
sou como palavra que necessita calar.
GRANDES FAVELAS - meu novo romance
Há uma semana
3 comentários:
Às vezes, quando se destrancam, quando se abrem as janelas, os poucos raios de sol que mal despertaram ainda, são golpes que açoitam muito mais que as vistas.
Quando se deixa a poeira do mundo nas solas dos sapatos debaixo da cama e se deita sobre os sonhos, mesmo aqueles rabiscados de saudade guardada, de calor e frio.... por incrível que pareça, o oco se preenche de si, do seu próprio vazio até se tornar pleno. Talve pleno de algo que nem exista, de algo que mal existiu... mas é inevitável - se carrega no peito as horas, os dias, os ponteiros do relógio que as horas esqueceram de resgatar.
Ah o vento, sempre presente.
Que ele traga os cabelos de volta, os lençóis de areia, as canções que tamborilam, seja no seu tambor, seja nas cordas de violão...
Sim, que o vento te traga de volta o que eu também não sei, mas traga.
Que traga o retorno daquilo que eu também não disse
Daquilo que eu também não vi
Mas, e aquilo que se sente um ser humano nesse oco do peito?
Que traga também, afinal, sentir não deixa de ser poesia.
E que outras poesias não calem, não calem os teus versos.
Um beijo meu, poeta.
Gosto deste jogo de dualidades que fazes, quando teces palavras e deixas o fio de ariadne para quem mais desejar tecer.
Abraços, amigo,
saudades de ti.
Fica bem.
Amo suas palavras.
abraços
Hugo
Postar um comentário