Há um tempo,
deitei minha esperança na rua e,
vestido de banco com meu nome inscrito
em letras recortadas de jornal,
cravei meu endereço
no destino das coisas.
Há um tempo,
vi meu cotidiano se diluindo
em pequenos gravetos
e a existência pedindo abrigo em minha carne:
- neguei!
Há um tempo,
as horas doloridas duram sem cor,
sem lápis, sem palavras
e as dobradiças enferrujadas
abrem janelas
significando horizontes para meus olhos
vestidos de catarata e silêncios da cidade.
Há um tempo,
minha boca houve frase alguma,
meu nariz enxerga cheiro algum,
meus ouvidos sentem luz nenhuma
e da centelha da cor
salivo o gosto do tempo
com seu tamanho indefinido
vestindo meu rosto de vincos
e minha cabeça de insanidade.
2 comentários:
Puxa!!!
Se no silêncio seus sentimentos são assim intensos, imagino depois de uma grande noite de alegrias e desejos consumidos pelos anseios da alma...
Interessante demais!!
bjs
Ritinha
Há um tempo para cada silêncio, para cada estrada, um ecoar distante que nenhum aparelho é treinado para captar. É a voz do ser, do ter que levar a vida com flores murchas, com cores vivas, com dores, amores, com a vida brotada nos olhos, que aprendeu a existir, em qualquer chão da cidade.
Há o tempo para cada esquina, para cada passo, para cada olhar. E uma espera(nça) sempre frutificando em nossos quintais, como amoras, amores que não secam mais.
Linda expressão do seu poema.
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Respondendo à sua mensagem, comigo está tudo bem, pois não consigo responder-te pelo facebook.
Fique bem.
Abraços.
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