Poema,
para que poema
para sucumbir
a palavra azul
na estação sul
Poema,
para alimentar
silabas poéticas
cinco verbos nus
num truque voraz
Poema
que fica de quatro
para ocupar partes
de um atentado
ao pudor do vício
Poema
que enterra vivos
páginas e livros
na estante, cujo
belo está no sujo
Poema
poeira, à luz
da tela e pena
escreve poeira
no puz do dilema
Poema
que invoco pobre
que rogo sem fé
e derramo inútil
copo de café
Poema
puro ou com leite
pedaço de pão
caído nesse chão
de abrigar doente
Poema
velho e sem dente
de mastigar rugas
na cara da gente
e chorar vermelho
Poema
de caco e telha
de rastro de lesma
marcando seu tempo
com risco e gosma
Poema
que descamba vil
na puta que pariu
o outro filho seu
que não eu na sorte
Poema
de esticar a morte
na vala de ontem
onde dorme enfim
seus versos pretéritos
GRANDES FAVELAS - meu novo romance
Há 5 dias
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