se engendra a vida
tenra vida que em nós engendra
o tempo o sol mais verdadeiro
a sombra aberta
a pele crua
a noite densa
o olhar da lua
se prontifica
em nós o berço
o arco enverga
a flecha aponta
surdo é o mundo
que não ouve
os carnavais
a terra úmida
os olhos secos
a boca ávida
a fome descendo
os degraus
da incerteza
procurando abrigo
para se esconder
do oco
o toco espetando
a fé
a fé desconfiando
da descrença
a bênção vence
o verbo abutre
ótimo estado
obstinado ateu
vencendo o ferro
ferrugem carcomida
essa ida
desenfreada vida
que engendra a terra
o ventre livre
hélice e a faca cega
haste decepando
em despedida
essa desmedida ira
vinha do absurdo
cálice de vento
se derramando sobre
o meu ser
se engendra a vida
cólica em cólera
desembuchando
a metade ao quadrado
dessa vontade múltipla
de viver
4 comentários:
Adorei! E digo mais, tem ritmo!
Beijo meu!
Pareceu-me um filme e eu gostei por demais de ter inalado este poema.
e te agradeço
beijos, poeta
Venho aqui e leio teu poema, vou seguindo o rítmo, saboreando as palavras, esta outra ordem de pensar.
Abraço
Márcio,
Dessa vez, eu estou passando por aqui, tão somente para lhe dizer que eu ficaria muito feliz se você fosse comer uma fatia de bolo, comigo, em meu blog...
Estou lhe aguardando.
Beijos,
Ana Lúcia.
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