Eu vivo,
indescritível e cego,
onde nem há razão,
vazar a perspectiva sem fim
da minha fotografia
espelhada, e branda...
São as traças e os livros
um jardim inútil,
(nem o centeio do inverno)
canteiro de obras obtusas
que em meu coldre veste...
Ah, o tempo da prisão!
Rumina o verme,
o tempo
que desgasta
essa história
de preguiça e pó...
meu osso encapado
de vertigens...
sábado, 24 de julho de 2010
quarta-feira, 21 de julho de 2010
recreio
pelo olho da tarde
bebo desse palco
sem receio
sem o medo covarde
de ser um recreio
nesse cesto de mim
bebo desse palco
sem receio
sem o medo covarde
de ser um recreio
nesse cesto de mim
terça-feira, 20 de julho de 2010
agora
junte as peças pobres
as ricas
montar quebra cabeça
do lado de dentro
e de fora
tem endereço
de chegada e ida
despejar o sujo
dos enxagues
e ver a forma
desenhar o tom
de realidade
num sonho de concreto
e vida
agora
as ricas
montar quebra cabeça
do lado de dentro
e de fora
tem endereço
de chegada e ida
despejar o sujo
dos enxagues
e ver a forma
desenhar o tom
de realidade
num sonho de concreto
e vida
agora
domingo, 18 de julho de 2010
saciedade
em dias assim
no hemisfério sul de mim
a concupiscência
dessas pernas
é que me decreta
a fome e o prato
no trato deselegante
que tenho com
as palavras...
no fim, saciedade
no hemisfério sul de mim
a concupiscência
dessas pernas
é que me decreta
a fome e o prato
no trato deselegante
que tenho com
as palavras...
no fim, saciedade
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Poeminha retórico
A palavra é um ácido que me corrói,
mas que não me destrói
porque a ponho para fora
antes mesmo de ruminá-la.
Aos que chafurdam o meu nome,
que me inundam no pântano
malogrado das suas idéias,
eu vos digo: não conhecem
a décima parte do que me faço ser
aos que conquistam
a brandura de me fazer revelar.
mas que não me destrói
porque a ponho para fora
antes mesmo de ruminá-la.
Aos que chafurdam o meu nome,
que me inundam no pântano
malogrado das suas idéias,
eu vos digo: não conhecem
a décima parte do que me faço ser
aos que conquistam
a brandura de me fazer revelar.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
olhar de porcelana
verdade, absolutamente
mentira, meticulosamente
ninguém sente esses cubos secos
gelo derretendo os olhos úmidos
lágrimas incandescentes
a boca almeja o grito
meu corpo, teu corpo
veste despida, rua incomodando
o cômodo estreito da minha vida parca
ah, saliva e lábio ávidos!
minha sede abre estrias pela calçada,
desenhar o objeto traçado em rimas,
verbos insurgentes...
espero ébrio e vinho,
uma taça de lucidez e destino,
meu calabouço menino
esquecer meu tempo de ninho
quando a pétala era orvalho,
quando era branca e aurora,
me esquecia...
quando era meio dia, me combatia,
agora, vespertina e vazia,
ela me diz que fica
e seu olhar de porcelana
foi aquela semana
que não terminou jamais...
mentira, meticulosamente
ninguém sente esses cubos secos
gelo derretendo os olhos úmidos
lágrimas incandescentes
a boca almeja o grito
meu corpo, teu corpo
veste despida, rua incomodando
o cômodo estreito da minha vida parca
ah, saliva e lábio ávidos!
minha sede abre estrias pela calçada,
desenhar o objeto traçado em rimas,
verbos insurgentes...
espero ébrio e vinho,
uma taça de lucidez e destino,
meu calabouço menino
esquecer meu tempo de ninho
quando a pétala era orvalho,
quando era branca e aurora,
me esquecia...
quando era meio dia, me combatia,
agora, vespertina e vazia,
ela me diz que fica
e seu olhar de porcelana
foi aquela semana
que não terminou jamais...
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Circular
Nessa linha circular eu vou,
quase zonzo, os pernas no tombo
arrecadando equilíbrio
para não cair no comboio
da desfaçatez do corpo.
Eu chumbo disfarçando
o ontem para morder o agora,
esgueirado, cuspindo amanhãs
de suspiros imprevistos.
Eu mundo vasto, caio tremulante,
um desvio pedante,
uma roupa deselegante
me pedindo licença para passar,
essas nádegas abundantes...
Pois estava um dia frio,
foi bobagem telegrafada,
um assovio fino,
um ar cortando a face,
esquartejando o olhar
com uma súplica de descanso:
as horas se derramam num corpo,
que se derrama nessas sobras de tempo
que o dia oferece:
no fim, ponto final.
quase zonzo, os pernas no tombo
arrecadando equilíbrio
para não cair no comboio
da desfaçatez do corpo.
Eu chumbo disfarçando
o ontem para morder o agora,
esgueirado, cuspindo amanhãs
de suspiros imprevistos.
Eu mundo vasto, caio tremulante,
um desvio pedante,
uma roupa deselegante
me pedindo licença para passar,
essas nádegas abundantes...
Pois estava um dia frio,
foi bobagem telegrafada,
um assovio fino,
um ar cortando a face,
esquartejando o olhar
com uma súplica de descanso:
as horas se derramam num corpo,
que se derrama nessas sobras de tempo
que o dia oferece:
no fim, ponto final.
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