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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

cartas

...e eu chorei,
na minha sina de estudante,
porque as fotografias
que eu guardei, quase sempre
esqueci,

mas não esqueci o instante,
que aqueles traços
esfarelados pelo tempo,

me solidificaram
na iminência de uma lágrima
e é tempestade de lembrança
e é aço de saudade...

foram bilhetes os amigos
que espalhei, e estão guardados
no cerne desse coração

e são cartas as esperas
que ainda guardo.

2 comentários:

Quintal de Om disse...

... E daqui, eu chorei. Porque daí, seus versos me foram veículos e passagem de volta pras lembranças das cartas que eu também escrevi.

Que secam ao sol em instantes vestidos de saudades coloridas, dos abraços guardados pelos caminhos das idas e vindas, e tantas das voltas que, como trem de viagem que são, correm nos trilhos da nostalgia dos dias.

Cartas escritas à mão e não remetidas, cartas não respondidas, bilhetes carregados de versos dispersos à mercê dos ventos levarem pra algum lugar, aguardando ainda, um abrigo nascido do avessos inverso de qualquer palavra.

Cartas banhadas e naufragadas em singelas lágrimas e sorrisos embargados em marés temperadas de mais "sal-dades"... engolfando o tempo em soluços e pensamentos.

Porém, que toda espera há de ser "ESPERA-n-ça". E da boa!

E esperança da boa, há de ser ainda uma certeza à mais pra embalar os encontros aguardados trazidos de volta, de longe, de trás.

Esperança da boa. E dança!

Há de ser também, tempero preciso pra reflorescer e "veneno" necessário pra sufocar a saudade "daninhamente" acumulada nos porões do tempo, recortados em pedaços de papéis.

Que a espera há de ser o encaixe perfeito entre um abraço e outro e que a saudade no meio, dê lugar, agora pras cartas que só lhe restam, SER REESCRITAS PELO OLHAR.

Beijo meu, querido meu!

:)

Zélia Guardiano disse...

Lindo,lindo, Marcio!
Poema a demonstrar sensibilidade aflorada.
Adorei!
Grande abraço.

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