do que se percebe dos lugares vivos
apenas o espectro a rondar abutres
e a anatomia do dia servindo
de pauta para preencher de palavra
alguma poesia
olhos famintos por realizar a boreal
realização de afundar no azul
do céu com seu infinito cardume
de signos a preencher o pensamento
dos homens com suas significações
de explicar a fome pelo indefinido
até que esses lugares são elos
pobres insígnias da verdade
de armar com dentes
a passarela das princesas, vãos das vaidades,
até que somente se apercebem
quando chega a hora
de despedir a pele do sol, ficar branco
como espuma de onda quebrada
hoje, `as nove horas, mulher alguma ausente
preenche de ficção o que a vida
derrama por não saber ser notada
GRANDES FAVELAS - meu novo romance
Há 6 dias
Um comentário:
Serão as ruas, artérias de um cotidiano pálido, ainda que sangrento?
Ou apenas um engasgo que faz os olhos marejados saírem de órbita, diante de um suspiro e outro de fuligem?
Sei apenas de outros olhos fundos e descontentes que se miram n'algum açoite de nuvem, como quem tropeça nos próprios sonhos agarrados ao piche que borbulha, sem nada querer dizer
[mas somente a olhos não tão hábeis de se fazer entendido]
Não há elo que desestruture ossos fincados de tanto suor e labuta, mas que ainda consomem dos seus pobres homens, cartilagens do amanhã.
Até quando?
Uma bela captura para a poesia, Márcio.
Beijo na alma,
Samara Bassi.
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