Ás vezes, criança esquecida
numa rua qualquer, sob o susto de me perder,
sob o medo de me despegar dos meus,
consigo encontrar minha única morada,
meu consolo, minha rigidez.
Talvez pecasse por não me desenrolar
desse novelo cinza e colorido em que me enfiei.
Fui mais que um filhote desamparado,
fui mais que um menino fazendo serenata
para as manhãs quietas
quando me afastava das cirandas, dos pega-pegas,
quando o vento me soprava para as pedras,
para as caminhadas pelas trincheiras à busca da solidão.
Verdade que conversei com passarinhos,
verdade que pousei nalgumas árvores
e me fiz cidadão antropofágico num tempo inocente.
Comia todas as dores e saciava minha sede
com o sangue derramado por séculos.
Eu sentia isso, eu sentia beleza no amanhecer
e tristeza no crepúsculo.
As chaminés vomitavam as lágrimas das árvores
que crepitavam em minha cozinha,
e eu sentia isso, eu comia isso.
Eu acreditei que, quando amora madura,
eu me curasse dessas feridas.
Tarde demais, não se cura ferida aberta n`alma.
Não se cicatriza ferimentos causados por espinhos de rosa.
Talvez, ao sorrir, a menina que alimentava minha esperança
e que brincava escanchada em minhas costas
me dissesse que a vida era assim mesmo.
E ela ainda diz. Mas teimoso,
eu desejava andar sempre na contramão das coisas.
Desejava manter-me distante
de qualquer forma de perfeição
das coisas simples que eu, estúpido,
acreditava que me trariam para mais perto
de onde nunca desejei estar,
mas que nunca consegui fugir.
Eis me aqui, mãos de calo, proletário,
tentando fazer uma poesia que me traga
para mais perto de mim. Não consegui fugir.
Esses versos trôpegos fazem-me verter um pouco
de lágrimas quando lembro que ainda como dessa carne amarga
que há pela extensão do meu corpo nos meus tão tristes,
nos meus tão perdidos.
Agora, verso crespo, rústica rima,
arte invertida para que a vida tenha mais sentido,
vou-me indo, lento e sem rumo,
como vaga-lume que desbrava a noite
e faz sorrir qualquer criança que tentar sair para fora do quintal.
numa rua qualquer, sob o susto de me perder,
sob o medo de me despegar dos meus,
consigo encontrar minha única morada,
meu consolo, minha rigidez.
Talvez pecasse por não me desenrolar
desse novelo cinza e colorido em que me enfiei.
Fui mais que um filhote desamparado,
fui mais que um menino fazendo serenata
para as manhãs quietas
quando me afastava das cirandas, dos pega-pegas,
quando o vento me soprava para as pedras,
para as caminhadas pelas trincheiras à busca da solidão.
Verdade que conversei com passarinhos,
verdade que pousei nalgumas árvores
e me fiz cidadão antropofágico num tempo inocente.
Comia todas as dores e saciava minha sede
com o sangue derramado por séculos.
Eu sentia isso, eu sentia beleza no amanhecer
e tristeza no crepúsculo.
As chaminés vomitavam as lágrimas das árvores
que crepitavam em minha cozinha,
e eu sentia isso, eu comia isso.
Eu acreditei que, quando amora madura,
eu me curasse dessas feridas.
Tarde demais, não se cura ferida aberta n`alma.
Não se cicatriza ferimentos causados por espinhos de rosa.
Talvez, ao sorrir, a menina que alimentava minha esperança
e que brincava escanchada em minhas costas
me dissesse que a vida era assim mesmo.
E ela ainda diz. Mas teimoso,
eu desejava andar sempre na contramão das coisas.
Desejava manter-me distante
de qualquer forma de perfeição
das coisas simples que eu, estúpido,
acreditava que me trariam para mais perto
de onde nunca desejei estar,
mas que nunca consegui fugir.
Eis me aqui, mãos de calo, proletário,
tentando fazer uma poesia que me traga
para mais perto de mim. Não consegui fugir.
Esses versos trôpegos fazem-me verter um pouco
de lágrimas quando lembro que ainda como dessa carne amarga
que há pela extensão do meu corpo nos meus tão tristes,
nos meus tão perdidos.
Agora, verso crespo, rústica rima,
arte invertida para que a vida tenha mais sentido,
vou-me indo, lento e sem rumo,
como vaga-lume que desbrava a noite
e faz sorrir qualquer criança que tentar sair para fora do quintal.
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