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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Roupagem

Tinha qualquer coisa de convencional
Aquelas coisas todas, qualquer coisa de normal.
Por tantas vezes, pergunto: o que é normal?
Que há por aí de tanta casca de cebola seca, descascada?
Quando que o sumo forte é que faz chorar,
É que derrama lágrima pela face, outra vez, essa mesma face que se ilude.
Estava lá, todo caracol, estava lá, toda debruçada...
Assim mesmo é que se desenha a realidade, perguntas:
Hoje, somente hoje é que o frio doeu a espinha
Mais que todas as vontades de nitidez.
Essa nitidez camuflada, que os olhos enxergam
Além do próprio escuro em sombra, pois
Luz, ah, luz de verdade, apenas quando a dor enxerta,
Apenas entra carne adentro, sentindo, sentindo...
Como assim, cidadãos? A loucura, a visão, a lucidez
É feita de cegueira, não a cegueira dos olhos, mas a cegueira
Do que se planta na alma. Aqui jaz uma verdade que, outrora,
Era somente o que era: era apenas o rupestre se desenhando
Pelas vontades mais inerentes, sem vestir qualquer coisa de vaidade.
Perguntas? Não. Respostas? Não.
Apenas uma lápide que inscreve a verdadeira beleza
De quando nos damos por sermos quem verdadeiramente somos:
Um monte de carne vestindo um monte de ossos,
E ambos vestindo uma existência,
Que pode ser pífia ou não, dependendo de como preferimos
Andar por aí nos vestindo de ilusões ou simplesmente
Caminhando em nudez.

4 comentários:

Quintal de Om disse...

Quando se anda por caminhos estreitos ou ainda mais laboriosos, mesmo que haja panos finos ou simplesmente rústicos deixando com que os espinhos arranhem a pele e se enrosquem pelos linhos tingidos e trançados.... há de ser sempre muito amis imprtante caminhar com a alma nua, mas vestida de verdades. Verdades que nos pertencem, que fazem parte daqueles que cruzaram nossos caminhos tantos e das que compartilharemos sempre com tantos sorrisos e lágrimas mais.

é caminhando e seguindo assim, sem deixar de sonhar e deixar sempre a luz do sol brilhar no céu do seu, do meu, do olhar de todos nós.

Sempre podemos mais!

Beijos amor meu!

Erica de Paula disse...

Lindo poema!

Que jogo de palavras maravilhoso!

Bjs :)

Ava disse...

"...Um monte de carne vestindo um monte de ossos,
E ambos vestindo uma existência...

De parte do seu ser, tiraste tão profunda reflexão?
O que é a vida, senão essa realida nua e crua....
Oh, mundo vasto mundo!


Beijos e carinhos

Sueli Maia (Mai) disse...

Uma roupa de gala. Uma pele bonita. Um homem maduro. Um poema com jeito de ser grande. Um poeta grande e um poema belo.

Beijos,

Mai

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