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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Capinzais

A terra densa e seca
lá fora plantando aridez aos olhos úmidos.
Ao meio dia, nem sombra, nem urubus,
apenas lá longe a vista alcança
uma poeira fazendo lambança
e uma boca buscando sede
pelas capoeiras e capinzais, feno estéril.
É que a cumbuca já esvaziou a cacimba
E, lá embaixo, um balde solitário pedindo
o abrigo das manhãs, água fazendo promessa
de voltar pelos lábios silenciosos
da carne agreste, sem jeito,
as pernas finas carregando a pequena criação,
que esmera agora, num canto novo,
uns versos de molhar o coração.
Crispa a pele, tece a voz de anunciação,
hoje, não foi Maria,
nem foi a noite fria que guardou o que era sorte,
foi uma peleja de morte
que arrebatou essa novena,
de quem calava e não pedia pena,
de quem vencia e não era forte,
pois o que era oração, virou pedra,
o que era fé, virou vento,
e o que era lamento já é corpo tombado
no espelho bruto desse cimento.

2 comentários:

Beatriz disse...

Mas que belo poema, poeta! Você está cada dia melhor!
adorei.
beijos

Dauri Batisti disse...

Este teu estilo usando o fluxo de consciência, de idéias; a associação de imagens e sons sempre gera uma musicalidade interessante, bonita.

Abraço

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