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domingo, 29 de novembro de 2009

Muro

Com a cara cheia de espanto
desceu o muro do mundo
e foi plantar bananeira remando as marés
e seus abissais.
Tinha fruto e tinha pedra,
tinha lona e tinha palco,
tinha o espaço de um asfalto,
tinha a perca de uma espera.
E nessa esfera de vazio
foi parco o estio que se desenhou,
nenhum olho derramou aurora,
nenhuma boca se encheu de adeus,
pois ficou o que tinha ido embora,
e foi-se ausente o desmantelado
martelo de um presente,
que agora eram folhas findas
no rascunho incorrigível da memória.
Com a cara despida de pranto,
a agulha era viés
de costurar retalhos de instantes
que o insone da noite
desenhou de solidão.

2 comentários:

Quintal de Om disse...

E aqui, mesmo, numa folguinha no trabalho.... guardo uns minutinhos pra rabiscar a solidão e redesenhar uns versos meus com a tinta dos teus, diluída nessa água de chuva que pinga sem parar.

Bom domingo...

beijo meu

Beatriz disse...

belo retalho sem remendos, inteiramente sentido.
beijo poeta

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