Estes anos me são o tempo,
invento sóbrio de nós.
Estas tábuas envergadas
que marcam a lucidez
em minhas costas,
mostruário de ser pedra e pó.
Este tempo me é um vento
que contemplo com a janela
entreaberta das minhas pálpebras
e ladeio com um dormir profundo,
pois aos sonhos, inconfundível,
me entrego, me mudo.
Este vento me é um lençol,
gruta do inevitável,
onde harpeio de instante e lida
minha vida de andante,
Quéops no inabalável
verso de me ser estrada e só.
GRANDES FAVELAS - meu novo romance
Há 5 dias
4 comentários:
mas ainda poderá dizer, sem temor que "o escuro me ilumina'
beijo meu
..o tempo que nos conduz pelas estradas..onde está o farol do amor?
Um abraço Márcio!
Ju
lindo versejar..
um canto só e iluminado
de matizes de alma,
belo e imenso.
lençóis de vento, lençóis de vento... Fiquei com esta imagem a perturbar-me o sentir. O tempo e o vento.
As vezes sentir demasiado, dói mais do que os males físicos que a gente tira de letra.
P.S.
Lá no 'inspirar' no poema "incontido", encontrei uma outra pérola sua.
beijos, amigo querido.
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