A árvore zumbia ao som do vento. Os galhos lançavam folhas ao ar. Ela ficava quieta, olhar instigado, a alma preenchida de tanta emoção. A mãe a pegava pela mão e se iam calçada afora. As nuvens pareciam bailarinas ao ar, zombeteavam para lá, para cá, e Raquel sorrindo. A mãe ralhava: "olha para o chão, menina!".
De tardinha, debruçada sobre a janela, queixo escorado pelas duas mãozinhas espalmadas. O varal balançando. O olhar distante e perdido na imensidão do horizonte. Aquele céu vermelho. O sol se escondendo atrás da rua longínqua. A menina rabiscava tudo num caderno de brochura.
Quando a mãe lhe trouxe um presente, a menina desembrulhou. "é uma câmera, mamãe!", e sorria, e pulava, e cantarolava. Saia correndo pelo quintal, e captava tudo que via pela lente da máquina. A velha polaroid revelava tudo na hora.
Quando voltava, espalhava tudo pelo chão, e pegava o caderno de brochura e escvevia. E eram desenhos e palavras, uma confusão de coisas que conseguia registrar do instante. Raquel tinha sede do que ficava escondido aos olhos cegos do mundo. Queria mostrar o inefável.
GRANDES FAVELAS - meu novo romance
Há 4 dias
2 comentários:
Lindo, lindo! Amo tirar fotografia tbm! Quando li seu texto fiquei inspirada. Amei a Raquel, ela é muito fofa (:
Pb.
As fotografias são pássaros alados que cantam nossas lembranças e saudades nesse tempo hoje em dia, tão sem memória.
Márcio querido,
Passe lá em casa, no "Vou te contar..." que tem um presentinho pra você ;-)
Beijo na alma!
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