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domingo, 8 de dezembro de 2013

As aspas da desimportância

Eu tenho mais fé do que esperança.
A palavra é que move o mundo
como lagartixa
que desafia a gravidade
e prega suas pegadas
na verticalidade da existência.

Ouvi que se sustenta
a honradez na palavra.

Cunhá-la no papel é coisa desútil,
como diz Manoel,
o poeta, e o que me criou
com sua língua de falar
com sapos.

O medo de anfíbios e da escuridão
foi sempre mais real
que a teoria da relatividade
de Einstein:
“imaginar é mais importante que saber”.

Não tenho apego com heróis.
Sempre me acheguei
mais aos figurantes
de banco de praça
do que com medalhões
de preencher vazios...

Ainda assim gosto de rachar
a lenha com um machado:
a brasa acesa é que me fascina mais.

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