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domingo, 22 de maio de 2011

Tibet

Eu estive em todas as ruas...
Todas foram minhas, nuas, vestidas de silêncio,
as muralhas do meu destino, labirinto selvagem
que me cercou, e fui pedra escondida num beco.

O enigma é um azul que saiu do prisma abobadado
que converte o céu avermelhado de fim de tarde
num norte, e é cimo, comboio de pequenos detalhes
que agora me são ricos pelos riscos que acumulo.

Eu vejo, pela estrada livre, sobrevoando meu casebre
com olhos de águia, e a água que jorra do castiçal
e lava o meu corpo, e o cajado dos dias,
a deusa que sonha a divindade nas terras distantes.

É, como antes, o cálice e a fé, a mão que me colhe
em sentimento, e como grão, fertilizo
o que me deixa voar, sem estribo,
uma flecha que me atinge sem direção.

Eu vou, então, pela direção de um olhar
que me guia, sem piscar, pelos caminhos escolhidos,
sem razão, sem o peso de não chegar,
sem a pressa de esperar nesse objeto comum
de amar sem objetivo, apenas
pela causa simples no inesperado de um riso.

3 comentários:

Juliana Matos. disse...

enigmas..
a vida e seus enigmas..
em cada rosto, em cada coração..

ótima poesia!

Juliana

CARLA STOPA disse...

Na direção de um olhar...Um riso...

Quintal de Om disse...

na margem de um leito de olhar... um rio,
um riso,
sorrio, então!
É preciso.

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