À procura da letra,
sai afobada pela coleta,
a palavra nua
sem tecido de sol e de seda
vestida de lua.
À procura da palavra,
sai a frase, o verso em desencanto
metalingüístico e vestido de branco
fazendo do som
uma harmonia escrava.
A letra é obsoleta ou não...
É fálica na boca da história.
A palavra é metafórica
e tempestuosa no verso do poeta.
É prosa descritiva,
é narrativa filosófica,
é prosopopéia e inferência,
é paródia e paráfrase.
A letra é universal,
a palavra é um sal de possibilidades
que veste todas as coisas
e se faz existir existindo
simultaneamente
com o inefável.
Eu moro entre a letra e a palavra
para me vestir de texto
e ser um descontexto
na minha poesia
sem eira absoluta
de qualquer magia,
pois esta se faz nos olhos
e sabores daqueles
que me lêem em desalinho.
GRANDES FAVELAS - meu novo romance
Há uma semana
4 comentários:
Que permaneça sempre assim, nesse criar histórias mágicas e sonhos que pegam carona num carrossel de versos.... e nos leva junto!
Beijos querido Meu!
(psiu: saudade d'oce!)
Adoro suas letras e palavras... São inspiradoras.
Bj
Márcio, acabas de escrever um tratado, sabe? Uma espécie de estatudo do espaço vazio, do tempo de busca que se dá entre a letra e a palavra ou da busca de uma à outra.... E deste voz à palavra e à letra, falando como uma palavra e como ela, procurando letras, eu também me vestí de palavra através do teu texto. Coseguiste uma comunhão, provocaste em mim uma conjugação e me fiz palavra e me senti a própria palavra e fui me sentindo um protótipo-palavra, um manequim-palavra e me fui sobrepondo peças e sobre elas outras peças e sobretudo os acessórios e como palavra seria elegante e com estilo ou talvez muito 'over' me fizesse um modelo surreal e nonsense...
Mas seria palavra que buscando as letras, os gramas, teria comungado em palavra, a junção de gramas, fonemas, sílabas e assim os verbetes lógicos contidos no léxico ou talvez original me fizesse um neologismo...
Porque a língua é viva e dinâmica.
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Entre a Letra e a palavra está você, eu, nós está o pensamento, a mão, o desejo, a criatividade do escritor e poeta ou ainda os não poetas que quebram as normas, padrões e nomenclaturas lógicas e se estabelecem , simples assim neste hiato entre um e outro.
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Designers, artesãos da palavra, artistas ou seriam poema sobre pernas, deambulando nesse mundo sem fronteiras inscrevendo-se no écran? Eu nada sei, apenas sinto, Márcio e sinto muito e sinto tudo em minha pele...
Este, de todos os teus textos, é para mim o que mais repercutiu.
Queria guardar este teu texto comigo e se puderes me conceder uma cópia, me manda por e-mail?
Um beijo, amigo querido.
Es um escritor e poeta, Márcio.
Quintana, no texto que abre o teu blog fala das coisas que o vento não leva. Este teu texto é um bom exemplo porque epifanias assim são o próprio vento, o cheiro de um dia, um poema que se não folheio porque não está em papel, eu leio e sei porque sinto, é leve e o que é leve, o vento não leva. Porque este teu texto, Eu guardarei em minha memória.
Beijos, Márcio.
Fica bem. Aliás, continua bem, sinto que estás.
Continua, querido continua escrevendo teus poemas...
Sabes que sou tua fã e estarei sempre por aqui,
Mai
e no meio de tanta letra e palavra, a gente tenta encontrar nem que seja um simples olor de nós mesmos...
bjoo poeta
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