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terça-feira, 1 de março de 2011

entre o tropeço e a queda

é desnecessária
a fuga, a rua limpa,
tudo.

é desnecessária
a pedra indesejada,
o tropeço,
a queda.

é desnecessário,
meu deus,
o rapto,
o deslize.

é desnecessária
a ruptura,
zeus no calvário.

quem capta,
quem me interfere,
difere, me rapta.

é desnecessária
a pintura
ainda morta.

a tela manchada
de tinta vermelha,
e cacos de telha
espalhados.

é desnecessária
a preguiça,
a vontade
que enguiça.

quem, puta moderna,
na derme da minha pele
amputa a palavra,

me compra, me vende,
quando ainda vejo
na vela que não acende,

a lágrima
vertendo
no imperceptível?

2 comentários:

Juliana Matos. disse...

..entre tantas necessidades que imperam!
Boa reflexão Márcio!
Ju

Celina disse...

Mas a palavra é necessária. E a possibilidade de expressá-la!

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