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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Lustre e listra

A cumbuca derrama água,
derrama água na gamela
com um gesto desaguado
de manhã desapegada.

As mãos dela, ela esperançada,
derrama força em taramela
para abrir o seu destino
num escancarar de sua janela.

Amiúde, um sorriso dizendo bom dia
e a virtude da sua sina
se espalhando rua afora,
ela toda azul manchando de alegria
um acinzentado de tarde,
um esmaecido de vida.

Uma mão acenando ao vento
um cumprimento de saudade,
goiabeira no fundo do quintal
sombreando a beleza
e uma manhã em calmaria,
ela toda riso, halo que eu preciso,
nos meus dias de ocre.

Ela toda lustre, eu listra do seu brilho,
nós nos derramando vontades
de cera e flanela.

3 comentários:

Sueli Maia (Mai) disse...

Olá, Poeta-lindo!

Eu mesma, ando lustrando o meu pardacento espírito...
Também terracota-ocre.

Somos, apenas humanos.

Lustro eu, lustres tu, lustremos nós.

Amanhã, será um outro dia!

O mar me encanta completamente... disse...

Caro poeta ,
Você escreveu um poema de temática forte e bem atual, com a habitual estruturação dos versos em rimas cadenciadas. De fato, aqueles que são sensíveis aos acontecimentos atuais que desse mundo, percebem as coisas como você.
Gostei do que li em teu cantinho.
Com carinho...

Glória

Dauri Batisti disse...

Tecer palavras faz com que gestos desaguados se tornem listras de um brilho que vem da alma. Continue tecendo...

Abraço.

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