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sexta-feira, 19 de junho de 2015

Decompor

Semeia o sêmen e prega entre as aspas da origem
o  caminho nômade onde galgará
a argila cheia da desidratação de um tempo.
Sente como um espinho que perfura o dedo
e espalha sua virgindade pela umidade
da água que jorra em abundância na solidão de um a pia.
Eu trago os restos de um bagaço
que se acomoda destilado no fundo de um copo,
eu trago a enfisema que se resgatou
de ontem da verdura de uma planta.
A que mascava o delírio de um índio,
que soprava epifanias pela boca de um cidadão de gravata.
Atrele-se em compromisso comigo,
dilate-se ao estado de nada e chegue
onipresente pelo viés de um teclado digital
às janelas e portas do mundo.
Sente-se! Oh Margarida!
Convida-me a usufruir a vida com o que tem de melhor.
Há lacunas em minha palavra,
há dissertações que desconheço
sem descobrir o valor que se perdeu pela página de um livro.
Poente que se faz diluir na íris delgada da minha tarde
e arrasta pássaros pelo côncavo do céu espalhando sua leveza na miopia dos meus olhos
sumindo como as migalhas que roubou de algum telhado.
Eu moro mais a rua que o cômodo
estado de quarto  dos casais.
Camas espalhada na pele da calçada,
a vida calcinada como  um mármore
revestindo a paisagem com os corpos de gente.
Eu moro seu versículo espalhado por seu rosto
a tapar o sol que irradia invadindo
sua manhã.
Eu moro a decomposição da palavra
que vem significar a dor mais que nomear o êxito.
Eu moro viver sem lucidez alguma,
apenas me encarcerar pelo lúdico
que navega nos tropeços de uma criança.
Tatear o vento, morrer de tétano,
ser um fermento que vai multiplicar os pães
que serão digeridos pela acidez da minha fome. 

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