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domingo, 17 de novembro de 2013

Desinfância

Como dói o tempo em mim,
dói com sua cara de lata,
com seus dentes de cerâmica
roendo meu esqueleto
e deitando minha carne fora.

Dói ver fotografias
e buscar nelas algum
brinquedo ao chão,
esquecido, guardando uma
infância onde hoje
pesco poesia.

O tempo de hoje
esquece as pessoas,
esquece-as guardadas na
busca de coisas úteis.

Espio da janela o silêncio
aprisionado na fadiga do povo
e vejo sapos pulando
entre pernas, grilos
confundindo as buzinas.

Nas mãos do menino
cumprindo sentença
nas grades de casa,
há lápis de cor, folha de papel
e um horizonte espichando
seu olhar para a beleza de ontem.

domingo, 10 de novembro de 2013

Criatura

Escapo dessa sua gruta
vejo um céu de pano
E fosse esse destino sólido
travado e humano

E fosse o desespero
seu tempero forte
para sua lida

Dividir o mesmo espaço
de sagrado e fé
com nervos de aço

Eu sei que vou
eu voo além do tempo
para um lugar
de brinquedo e de vento

A nuvem estampada e leve
preenche o pensamento
Os pés no barro
a mão na lenha
acendendo a vida

A véspera do agora
é esse rebento novo
como uma promessa

Surgindo o futuro:
da parteira pobre,
a nobre criatura.

Eu sei que estou
na cruz de um sentimento
de armas que sou

Na chama de uma vela
revelar a gente
com sua espera

Entre as cercas de um quintal
desnudar a fome
e sair sem eira.

Eu sei que eu vou
na luz de um lamento
anunciar que existo
que sou de carne

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