Como dói o tempo em mim,
dói com sua cara de lata,
com seus dentes de cerâmica
roendo meu esqueleto
e deitando minha carne fora.
Dói ver fotografias
e buscar nelas algum
brinquedo ao chão,
esquecido, guardando uma
infância onde hoje
pesco poesia.
O tempo de hoje
esquece as pessoas,
esquece-as guardadas na
busca de coisas úteis.
Espio da janela o silêncio
aprisionado na fadiga do povo
e vejo sapos pulando
entre pernas, grilos
confundindo as buzinas.
Nas mãos do menino
cumprindo sentença
nas grades de casa,
há lápis de cor, folha de papel
e um horizonte espichando
seu olhar para a beleza de ontem.
À Van Gogh
Há um mês