Ele caminhou e dançou prisioneiro voraz.
Foi bolha de sabão, sorriu luz manhã,
Chegou repleto, inquieto e vastidão.
Sai assim, irreverência, é volátil, tato sagrado das solidões.
A bolsa, a sua bolsa de chuva carrega suas uvas de um viver vinho,
Sai em desalinho, sorrindo, caindo pés, barrancos e tropeços,
Chapéu de palha assoviando endereços
Pelas bordas do sentir, mero esmero, totem da fé, salutar...
Vai prisioneiro... Vai estradeiro, menestrel
Sobre o viés da ausência que silencia a voz.
A palavra jaz como rocha sedimentar,
Jaz oposta, jaz ocre e ferrugem,
Jaz obsoleta, espoleta e penugem de ganso...
Seu melhor faz arreio de si, quina e cabeça...
Espantalho mordaz faz aqui sua sina, faz aqui menina
Boneca, sorrateira manhã, cálida, calcinada...
Esse corpo se morre, se morre a pele, se morre as unhas,
Mas morre mais a esperança quando morre a certeza...
Seus dias auroras fazem nascer âmagos, âmbar verão.
Tem mais norte ao longe, tem mais sonhos
Que as mãos buscam com a sede das horas,
Que perecem inertes pelos pés, que marcam os passos,
Cada um, cada pó levantado, deixando para trás
A cinza dos malogros, e assentando no coração
A beleza que um dia colhera de sorrisos
Que arrancara com as mesmas palavras mudas,
Os mesmos gestos mudos, agora, mundo, vá-se,
Sem arreio, sem estribo, sem montaria, sem noite,
Sem dia, sem o bornal para guardar as lembranças,
Sem o canivete para cortar as dores,
Pois agora, está tudo ali, pele e coração,
Juntos, como água e sal diluindo o seu cansaço.