Feed

Assine o Feed e receba os artigos por email

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Dessas coisas que não sabemos por que

Dessas coisas que a gente não sabe, que não entende, que, numa ebulição de quereres, de sentires, cai sobre nós como uma chuva fina, demorada, doce... Era sim, um menino, era meio tímido, crescido, bem verdade isso, mas não tanto, médio, e se dizia ser do tamanho do mundo, pois, segundo sua crença, acreditava e acredita que nosso tamanho depende de até onde a vista alcança, coisa essa que lera de algum poeta. Não se sabe quem, nem onde, nem quando, mas lera nalgum cartaz explícito, desses que, naquele dia, naquela hora, bate como um martelo na cabeça, eureca, e Tum... Foi. Agora, sobre o estribilho das coisas leves, leva a ferro e fogo isso, ah, como leva. Ainda mais quando essas coisas leves são vindas do amor, do sorriso, do olhar bestificado, da gargalhada imprevista, como graveto que balança ao sussurro do vento. Lera também isso.

Acresce que, esse menino tivera muita dor, tivera que estancar as lágrimas que derramara por caminhos esburacados, pois seus pés não agüentavam os calos, suas mãos não agüentavam carregar seu próprio peso, nem o peso de não saber por que, nem onde, quando, iria findar seus dias, suas horas, porém, vivo, esperançoso, deu que acabou aqui e acolá, dando um jeito na terra batida, e vindo bater nessas cercanias de ilusões e poesias em desmedida que, vez ou outra, rabisca em rascunhos de sorrisos e lufadas de vento. Leve, assim mesmo, despreocupado com o tempo, com se vai chover ou fazer sol, apenas caminhar. Todavia, em dias de sol, tenta desenhar caminhos, em dias de chuva, tenta beber a vida saltando em poças de água e gargalhando.

Coisa agora, que mexe fundo, é que tem sentido umas coisas estranhas, um tilintar de sinos, um gorjeio de pássaros, bater de asas de colibri e borboletas no estômago, coisa de passar o tempo sem saber que ele existe. Dizem que é por causa dos girassóis plantados em seu jardim. Mas é mais que isso. É que a guardiã, a rosa de cinco pétalas, de cinco cores, vermelha, branca, amarela verde, azul e lilás está aberta. Ela guarda a porta do seu coração, e há algo entrando, há algo fazendo morada, dessas que demoram a sair, às vezes nem sai. Mas ele prometeu que vai deixar entrar, vai deixar se acomodar levemente, se sentir guardado, em casa. E pediu para não sentir medo, pois ele está aqui. E assim, sorriso de lata na boca, ele fica a desenhar caminhos guiado pela luz das estrelas. Fica e espreitar bem de perto, o desenho que está se fazendo dia após dia, de um caminhar diferente, de um andar junto, de mãos dadas, com as canções sussurrando em seus ouvidos, alguma prece de amor, alguma vontade de não terminar, apenas permanecer, como permanece o sol após o amanhecer, como permanece a lua após o anoitecer. Um recado: não precisa pressa, ele avisou que espera, e, quando sentir medo outra vez, lembra que vocês são apenas 1, apesar do 5, 6, e 7 por diante.

8 comentários:

Sueli Maia (Mai) disse...

Oi, querido

e se não sabemos e se não temos certezas...
Há que ir indo...ir sendo...ir vivendo...
Mais vale, ah! vale...

E ainda mais se alma é imensa de luz de amor...
Vale, vale sim.

Beijos.

Quintal de Om disse...

Ahhhh, essas coisas que a gente não sabe e as vezes nem quer saber.
Dessas coisas que se chegam de mansinho mas não é de mansinho que bagunçam tudo por dentro e por fora dos olhos, do peito... que tremem a voz e os sentidos se misturam como uma cinestesia única de tudo que se faz vibrar no vento, nas cores e nas palavras ditas, sentidas, pressentidas... No canto dos sonhos, aqueles que se sonham e mais do que nunca se quer sonhá-los juntos para que assim, sejam mais que sonhos, sejam realidade!

Ahhhh, é dessas coisas que quando chegam, vão abrindo caminhos e trilhas antes intransponíveis e que agora, juntam-se em caminhos de pedras preciosas, pintura belas que Deus e nossas mãos pintam ás margens dos campos... São Girassóis, amoras, p~essegos e todas as possiblidades dos 5, 6, 7 e a certeza do 1.

Ahhh, esse permanecer?

Quero além de dias de sol, de desenhar caminhos,e em dias de chuva, de tentar beber a vida saltando em poças de água e gargalhando e mais que se banhar com calda de céu...

Além do tempo que se esperar, que se possa esperar

Além do que se vive, do que se deseja viver

Há sempre de se colher flores e frutos ali, onde há solo árido, pelo menos.... aparentemente.

E o medo?
Deixo ele pra lá....
Nem sei de sua existência quando é o seu sorriso que se faz presente e que me diz o quanto se quer ficar e eu, tbm quero!

"Sou do tamanho que vejo" E diria mais, Fernandinho Pessoa... Sou maior pelo que sinto.

E sinto, como sinto!

Quem sabe pode muito... mas quem ama e quer amar, pode mais. MUITO MAIS!

Abraços, flores e estrelas...

Adenildo Lima disse...

Belo texto - excelente por sinal

gloria disse...

"E assim, sorriso de lata na boca, ele fica a desenhar caminhos guiado pela luz das estrelas." Que belo! São esses sinais em aparente dissolvência que nos possibilitam ler o invisível, dimensões do improvável traduzidos em letras. coisas que ainda acreditamos que não sabemos.

Cris Animal disse...

Tão fácil ser feliz! Tão simples, porque é no simples que está a felicidade. O menino descobriu o caminho!
Lindo post!
beijo
............Cris Animal

Ava disse...

Psiu!
Saudade...

"...alguma vontade de não terminar, apenas permanecer, como permanece o sol após o amanhecer, como permanece a lua após o anoitecer."
Vc escreve por metáforas... Vc se descreve em seus textos...
Não sou boa nesse tipo de análise... Sei do que gosto e do que não gosto...
E eu amo tudo que vc escreve!
Sem exagero!
É de uma perfeição...
Coisas arrancada lá do fundo..
Coisas vividas!
Emoções sentidas...

Um dia ainda te decifro...rs

Beijos avassaladores!

Sonia Schmorantz disse...

Mira-te pelo calendário da flores
Que são só viço e esquecimento.
Desprende-te dos ofícios do dia,
Apaga os números, os anos e anos,
Releva a data de teu nascimento.
E assim, por tão leve sendo,
Por tão de ti isento,
De uma quase não resistência de pluma,
Abraça o momento,
Te apruma,
Tome por bagagem os sonhos
E apanha carona no vento.

(Fernando Campanella)

um abraço

Zingador disse...

Obrigado meu querido, sempre bom ver suas palavras... li ontem seu texto, acabei não comentando, mas aproveito agora.
Ultimamente tenho-me bastante cansado dos porquês... creio que nem sempre é possível sabê-los, mas cabe a cada um a indagação.
Mas como esse menino tem um girassol a frente de seus olhos, fácil ele saber o que fazer, já que essa flor sabe o que diz, sabe o que mostrar.
Grande abraço perfumado

Arquivo do blog