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quarta-feira, 23 de julho de 2008

Flor Amarela


Flor amarela, flor singela de um pouco vermelho
Veste minha vida
Como um espelho e sorria sempre como um sol colorido
Flor amarela, por dentro azul, purpúrea essência que derrama e mim
Não se esconda, não murche teu esplendor
Pois sou todo dor, sou todo amor
Que teima em morar em nossos corações
E se desejar florir sempre em meu jardim,
Entre que a porta do meu mundo está aberta.


Foto: Márcio Ahimsa

terça-feira, 22 de julho de 2008

Poema desusado

Caminhando e pensando o vento, fuga da vida, alívio perdido, sem sombra, sem sentido
O tempo inspira, expira, vira pó e eu saio só pelo caminho que não sei onde vai dar
O céu inflama, as nuvens passeiam despreocupadas desvirginadas por sopros calados
E perco um segundo sonhando fundo, sou um absurdo sem fim.
É nas sutilezas que descubro o segredo que nunca quis se esconder
Foi assim que o coração fez-se mudo diante das coisas, das virtudes cansadas
Na noite passada, minha cabeça apenas recostou-se sobre o travesseiro já batido e também cansado - pensei: que faço aqui neste inexorável mundo?
Passeios passados, saudades recolhidas e ralhadas pelos velhos farrapos das emoções,
Um cálice da minha descrença derramada nas alegrias que colhi entre um vão e outro
No desembarque em alguma estação de metrô,
Uma nódoa impregnada na minha pele pedindo socorro para fugir para dentro de minha alma
E não sair jamais.
Cansaço é apenas refugo das horas que desperdiço não fazendo nada por ter minhas mãos atreladas ao trabalho, ao produzir meia dúzia de utilidades para servir a necessidade das pessoas, sátira da vida desenhando sobre mim os fios da existência.
No fim de semana passado visitei um amigo que não via há tempos
E fui visitado por uma lembrança, em casa, de pessoas que, talvez, nem lembram mais de mim...

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Margarida

Seu contorno em ciranda
Toda branca e amarela
Margarida preferida
No amargor em desmedida já sábia se safar
De vez em quando um desencanto
Outra vez um mero espanto
De sair assim: leve e solta
Pernas compridas
Passos longos
Sonhos brandos a buscar com o silêncio da madrugada
Saindo pela rua nua
Ela vestida de lua
Sardas pintadas na bochecha rosada
Os raios finos das estrelas
Contornando seu caminhar
Margarida flor querida
Assim desinibida
Veste mesmo uma razão singela
Sem buscar a aquarela
Em coisas tão distantes
Assim é Margarida:
Nasce em qualquer jardim
E é de um encantamento sem fim.

domingo, 20 de julho de 2008

O contraste da alma romântica

A melhoria de um estado inconformado e abstrato
É sempre o contraste invisível e inverossímil
Que acontece em desalinho no âmago de cada um.
No ápice secreto,
Na hélice que corta o vento das emoções sutis.

Carta e lenço, movimento...
Sóbrio sentimento.
Força e jeito, impuro leito...
Hospede perfeito

Sobre os versos não versados que o poeta descreveu.

Entregas seculares de eternos românticos,
Reflexos desconexos com a sina da alma liberta
E aberta às novas canções de amor.

Você me disse que era estupidez
Entregar-me ao tempo sem temer
E em cada ato não me arrepender.

Você me viu e fingiu não perceber
Que já estou bem melhor,
Não tenho nada a esconder...
E mesmo que ainda esteja só
Não penso mais no que passou.

Às vezes sinto que é difícil as pessoas enxergarem
Cada um tem seu talento, infortúnio e desalento.
Cada um tem a euforia necessária
Para calar o desconsolo.
Cada um é absorto para mudar o que achar certo
E eu acho mesmo que gozar somente
É desperdício de semente
Meramente sem elo,
Sem ente.

Você me disse que era estupidez
Entregar-me ao tempo sem temer.
Em cada ato não me arrepender.

Você me viu e fingiu não perceber
Que já estou bem melhor,
Não tenho nada a esconder...
E mesmo que ainda esteja só
Não penso mais no que passou.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Fuga

Você se distrai, me importuna, me atrai
Causa-me um estalo, me sorri, me calo
Você me espreita, me convida, me aceita,
Está chegando em mim, me inunda
Me escreve um verso, sentimento enigmático,
Poema que faz explodir a emoção,
Que transborda pelo seu olhar um querer
Eu me deixo levar, a saudade me invade
Você se declara, eu me entrego
Um silêncio, um pedido de coragem
Um beijo, corpos que tremem
Você se diz sonho, eu acompanho
A mágica da vida entrelaçada pelo que nos faz laço
Você se diz minha, eu sempre fui
Os impulsos, as vontades, os desejos
Você perdida, mas me convida a entrar
Eu envolvido, você se atrapalha
Você me espalha, você me faz confuso
Você se diz estar em mim,
Mas você se retrai, meu mundo se esvai
Você se afasta, mas me arrasta para junto do abraço,
Diz que não quer me perder
Eu permaneço, não me reconheço
Meu endereço é sempre você.
Novamente me envolve,
Eu tento resistir, mas teu encanto me vence
Eu me perco em teu sorriso, mas sempre me arraso
Pois você, de repente me nega
Novamente eu não entendo
Minha alma se afoga em instantes bons
Meu coração não entende mais nada
Você é sempre assim:
Um surto da minha alegria
Num curto período de tempo,
Um furto das minhas tristezas
Que não sabem por que você age assim.
Eu me faço cansaço desse embaraço,
Sou fuga de você.
Não espere que me encontre
Pois eu já me faço perdido no silêncio
E na distância que encontrei
E que escolheu para você.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Merecimento





Às vezes,
Quando vamos bem fundo no abismo,
Quando chegamos no limite do abandono,
Quando as lágrimas secam,
Quando o amargo torna-se o sabor mais agradável,
Desnudamos nossa alma
Para a luz nova
Que está por despontar no horizonte.
Às vezes,
O segredo está mesmo
No código indecifrável da vida,
Está na água barrenta da fonte
Que depois, calma e mansamente,
Acomoda-se num desnível
Para tornar-se límpida e transparente.
Ás vezes,
Quando caímos,
É que nos levantamos,
Quando estamos perdidos,
É que estamos nos encontrando,
Quando sofremos intensamente,
É que estamos caminhando
Para o amor merecimento
Que tanto tentamos encontrar.
Às vezes,
Basta saber esperar,
Basta ter paciência o suficiente
Para que o tempo
Encaixe as coisas como pecinhas
Difíceis de um bom quebra-cabeça.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Sagrado


Na vida, quero antes ter sorte
Estar embalado por canções que ressoam n`alma
Como lembrancinhas que se renovam a cada encontro.
Quero a beleza, o estar encantado, estar purificado
Como um poema que se ergue como um veda
Que molha o espírito e se esparrama pelos cantos de nós.
Na vida, o sagrado convida o amor a morar
No abraço dos amigos.
Convida, e nós vamos como ciganos à procura do abrigo
Aconchegante que só podemos encontrar no laço que ser forma
Quando estamos juntos.
Na vida, a vela ilumina sem demora os caminhos cruzados
Que trouxe cada um até aqui.
Hoje descobri que os melhores presentes não podemos levar junto,
Pois cada amigo tem seu canto para ficar distante
E moldar uma saudade para o próximo encontro.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Champagne

Acompanhe o champagne desfrutando
As espumas de um dia especial
E brinde a alegria com mil explosões fulminantes no brilho de um olhar.
Estranhe quem leva a sério demais,
O frio pode promover a fraternidade
E encontros casuais poderão ser encontros
De futuros amigos.
Procure um abrigo no peito do perigo,
Pois este é somente nuvem esvoaçante quando temos coragem
De vencer.
Sonhe um sonho bom
E aproveite o deleite de uma boa conversa
Com quem não tem pressa de chegar.
Hoje, somente hoje, é preciso sorrir para um novo amanhecer.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Lembranças sobre as confissões de um dia diferente

Hoje me pareceu um dia normal. Sim, normal, porém diferente. Fiquei pensando acerca das milhões de possibilidades de hoje ter sido um dia atípico. Um dia excepcional. Conclui que foi sim. De volta para casa, estávamos indo, no ônibus lotado, uma cadeira de rodas ao lado, um garotinho, aparentemente portador de alguma deficiência que não vem ao caso o tipo. Era um garotinho experto. Comunicava-se com a mãe muito bem e mexia os bracinhos para lá e para cá. Fiquei pensando, “se uma asa de borboleta bater duas vezes, o mundo inteiro se modifica, tudo se transforma em decorrência de um movimento que causará uma cadeia através do ventinho gerado por essas asas”, e mil idéias mais se formaram.
Chegando em casa, Deja Vu, um filme do Tony Scott pareceu fazer um certo efeito em minha cabeça, depois de um ano. Manipular o destino dentro de um abrigo de borboleta, é uma metáfora, morada ancestral onde todos um dia já passamos, seja num casulo, ou num útero sagrado pode ser lembrado também em “Efeito Borboleta” de Eric Bress e J. Mackye Gruber onde o passado parece ser o grande dono do presente e senhor absoluto do futuro. Mas porque estou lembrando esses filmes? Também não sei. Só sei que tentando analisar as possibilidades que escolhemos, percebo que sempre entramos em conflito sobre as conseqüências decorrentes dessas escolhas e os efeitos idealizados por possíveis escolhas diferentes. Todos os dias são iguais até certo ponto. Mas se pensarmos sobre um ponto de vista das bilhões de experiências e interações que todos os seres mantém entre si, posso assegurar que cada dia,desconsiderando as mudanças exteriores e levando em conta as internas, possibilitadas por essas relações interpessoais, são díspares. A disparidade da vida se mostra em cada caminhar. O poeta já escalou a montanha dos sentimentos humanos e desceu cada experiência pelas escadas de palavras de cada poema, assim faz-se a poesia. Não a idealizada, mas a crua, a nua, que está nos bracinhos do garotinho contente fazendo um movimento com a cabeça e mastigando o biscoito que a mãe acaba de por em sua boca.
Tanto rodeio para acabar falando de poesia. Mas não é só de poesia, também de beleza. Não a beleza esdrúxula, a beleza encontrada na face da mulher sem maquiagem que oferece um sorriso brando, meio calado. Ou no cair das folhas no outono. Ou no abraço dos amigos. Ou no beijo demorado dos amantes. Eita, lá vem a poesia novamente (acho que sou convencido, considero essas bobagens poesia). Não consigo desapegar-me dela. Quem? Tua namorada? Não. A poesia, ora!
Eu estava falando mesmo era das possibilidades de nossa vida ser diferente. E pode ser. O segredo, na verdade, não é nenhum segredo. Está escancarado na alma dos mais simples. É só deixar fluir como as asas da borboleta, como a vida que teima sempre em existir onde quer que a gente vá. Se saímos cansados do trabalho na rotina maldita que parece não ter fim, podemos sempre fazer diferente. Ouvir uma canção e imaginar horizontes paralelos, navegar junto às nuvens e pescar tubarões do futuro numa constelação imaginária, pois em cidade grande não existe estrelas no céu. Fazer o que. É o que temos. É assim que devemos encarar a vida e escancarar a alma ao mundo. Dentes brancos, amarelos, dentaduras ou banguelas, não importa, o sorriso tem de se mostrar vez ou outra. Isso já é diferente e fazer diferente. Agora, lamentar o que já passou, é perda de tempo. Isso é, no mínimo se auto- anular.
Vamos celebrar a vida num amanhecer preguiçoso. Vamos aproveitar os momentos ociosos e perder alguns minutos raciocinado sobre eventuais escolhas que poderão mudar a nossa vida. Essa é uma crônica que escrevi sobre um simples pensar diferente. Faça também a sua.

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