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terça-feira, 3 de novembro de 2015

Mina d'água

Nasce água
agora mina sua mágoa
derrete estantes
em geladeiras de antes
e depois correr
a serra abaixo para morrer
verbo com verbo
rima pobre
um ato nobre
um traço soberbo
que a soberania
na traduz
na fé que me cria
em epílogos e luz
Água agora
sacia-me na sua tangente
tinginda de transparente
minha alma encharcada
de ir embora
para cada
margem branca
de seu barro

Poema em pó

Poema,
para que poema
para sucumbir
a palavra azul
na estação sul

Poema,
para alimentar
silabas poéticas
cinco verbos nus
num truque voraz

Poema
que fica de quatro
para ocupar partes
de um atentado
ao pudor do vício

Poema
que enterra vivos
páginas e livros
na estante, cujo
belo está no sujo

Poema
poeira, à luz
da tela e pena
escreve poeira
no puz do dilema

Poema
que invoco pobre
que rogo sem fé
e derramo inútil
copo de café

Poema
puro ou com leite
pedaço de pão
caído nesse chão
de abrigar doente

Poema
velho e sem dente
de mastigar rugas
na cara da gente
e chorar vermelho

Poema
de caco e telha
de rastro de lesma
marcando seu tempo
com risco e gosma

Poema
que descamba vil
na puta que pariu
o outro filho seu
que não eu na sorte

Poema
de esticar a morte
na vala de ontem
onde dorme enfim
seus versos pretéritos

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