O ápice sem fim é quando exala na centelha do meu costume seu gosto de noite provocando em mim um sabor que não fala: seu corpo é meu perfume, um açoite que me desestrutura a parte da procura que encontrei...
Enquanto, distante, a rua infinita separa nossos quintais, esse perímetro de amor em sintonia é um estar perto como quem toca, um detalhe de querer hoje mais que ontem, amanhã mais que agora, pois equilíbrio é a única razão de amar... Senão, fogo que não arde é um engano covarde que está longe do nosso olhar, pois crepita como chama que não acaba... Somos vento, alimento que incendeia, folha e graveto, sem veto no nosso olhar que nos atinge...
Na súbita incompreensão de sermos dois, eu não deixei para depois de nos compreender em um... Naquele farol, o embate foi só um susto que meu coração sempre teve por querer estar no teu colo, intocável... No asfalto ainda frio ficaram os resquícios desse meu medo de não chegar. Agora, aliviado, rio como um garoto por saber que o vento vai me levar, cúmplice, para a morada desse meu riso inacabado.
No silêncio de duas vozes apenas o grito de dois corpos. Do lado de lá e de cá, a tênue manifestação de se preencher - olfato percebendo na respiração, o sublime de sentir sem nenhuma palavra esse enlevo de nós dois...
Existe um segredo
que está calado
e quer dizer mais que a palavra pode revelar.
Nesse segredo
eu confesso minhas verdades
e solidifico minhas mentiras.
Meus medos são estradas abertas n`alma
pedindo passagem
para revelar meu eu.