Foi mãozinha rústica, cheia de terra,
desembrulhou papel de bala
e guardou no coração, num abraço
feito aço que não enverga,
a embalagem em letrinhas miúdas
pra fabricar barquinho e trocar presente.
Foi assim, sentado no chão,
com macacão de pernas curtas,
procurando esconderijo
onde se esconde as formiguinhas pela manhã
e a folha verde balançando prá lá e prá cá.
De repente um olhar vistoso...
É assim que descobre segredos:
Estava guardado um poema num formigueiro
de fim de carreata,
tanto anda, tanto anda,
e vai dar num fim em poesia,
a falsa vida carraspana
de tanto pano umedecido,
tanto moleque berrando pro ar:
- Hoje tem dicionário, tem sim senhor!
Pra revelar sinônimo de descoberta,
e estava lá naquelas mãozinhas sujas,
o tempo todo, estava lá...
À Van Gogh
Há um mês