Não tem meia
nem bola,
somente sacola
onde levo o pão
e a sola
gasta desse chão
que me leva
ao trabalho.
Não tem
o borralho
do fogão,
apenas candeeiro
aceso,
xícara exalando
o cheiro
ainda quente
de café.
Não tem o peso
da roupa,
unicamente
o varal teso
esticando
o horizonte
de um pássaro
tranquilo.
Aqui não
há cabide
de peça triste,
vide a vitrine
que esconde
o olhar
de vidro
de um manequim...
Aqui não
há o gole seco
num copo
de botequim,
não há
a esmola
da tarde
que arde
a fome
num farol...
Aqui há
um arrebol
de poesia
na pisada
titubeante
de uma criança
que ruma sem rima
para
a palavra e a fé
na prece
de um verso.
À Van Gogh
Há um mês