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domingo, 25 de novembro de 2012

Uma canção para ser livre

Penso como quem fala
na arquibancada de gritar o silêncio
na comemoração do voo.

O sonho é uma roupa de consumo
que a mulher usa como vestido
na passarela de equilibrar,
...

na plataforma de um tamanco,
a vida calçada de buracos.

Que o homem dirige como carro,

abrir caminhos onde não há
mais asfalto – chegar ao latifúndio
da libido de ser...

Livre.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Estante

 O tempo inquire em nós
como palavras em desuso
jogadas às traças.

O tempo é uma estante
que guarda livros:
se cuidados, explorados
incansavelmente
pela curiosidade míope
do presente,

não perdem o verniz
e brilham como pupilas que se acendem
diante da noite que se nos apresenta,

mas, ao ermo, sós,
sem instigar descobrir segredos
numa juventude de amanhã,

apenas fenecem ao mofo
da ignorância e da velhice

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Poesia para Drummond

Os tempos turvos ficam para trás.
Ficam também os carnavais,
as ruas cozidas de sapatos quentes,
sandálias amarradas até as panturrilhas.

No tempo do bonde, das avenidas abarrotadas,
ficam os chapéus e as faces dos homens
repletos com seus bigodes de Paris.

Os vestidos de chita,
as palafitas, as conversas,
as escritas, as escritas, as escritas...

Hoje os dicionários lacrimejam
os verbos perdidos, as frases inventadas
da cabeça pintada de branco
como chumaços de algodão inventando nuvens
na imaginação das crianças.

Os tempos de paralelepípedo,
os tempos públicos do servidor afeito
à palavra...

Hoje invento versos que um dia vi pousar
dos ventos de Drummond,
hoje recebo dos tempos turvos
a equação decodificada na mística
de respirar poesia.

Poesia de chão, sapatos, pernas e bigode...

sábado, 3 de novembro de 2012

Capim orvalho

pescar alguns invertebrados,
a percha envergada,
captando do dia a faúlha
que escapou das rédeas
de uma azálea...

- O silêncio se esconde
na beleza disfarçada de um capim
banhado de orvalho...

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

De segunda à sábado

A manhã debulha com água fria
o rosto cheio de restos da cama.
Amassado sonho que ficou no travesseiro...

- É feriado, eu sei!

O dia amanheceu cheio de preguiça,
a rua bocejando a garoa fina la fora,
que desabriga do cotidiano
as formigas operárias – eu sei.

Há uma prece em frente da catedral
e minhocas adubam a infância
que, de vez em quando, sobe para o céu
presa em balões. Cordões de inquietude
laçando a lucidez.

- É feriado, eu sei!

Despidas de lavoro,
as pessoas vão-se às ruas,
as crianças, tendo como anfitriã,
a calçada que recepciona,
de segunda à sábado.

Salto alto, sapatos lustrados,
e as vitrines ajustam os colarinhos
e o rímel, artigo de toucador,
ornamenta o olhar pronto para enfrentar
o dia,
de segunda à sábado.

- É feriado, eu sei!

O sol ficou escondido no aniversário de ontem
sob o sono da véspera de hoje
contendo o amor na armadura das flores...

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