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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Poesia para Drummond

Os tempos turvos ficam para trás.
Ficam também os carnavais,
as ruas cozidas de sapatos quentes,
sandálias amarradas até as panturrilhas.

No tempo do bonde, das avenidas abarrotadas,
ficam os chapéus e as faces dos homens
repletos com seus bigodes de Paris.

Os vestidos de chita,
as palafitas, as conversas,
as escritas, as escritas, as escritas...

Hoje os dicionários lacrimejam
os verbos perdidos, as frases inventadas
da cabeça pintada de branco
como chumaços de algodão inventando nuvens
na imaginação das crianças.

Os tempos de paralelepípedo,
os tempos públicos do servidor afeito
à palavra...

Hoje invento versos que um dia vi pousar
dos ventos de Drummond,
hoje recebo dos tempos turvos
a equação decodificada na mística
de respirar poesia.

Poesia de chão, sapatos, pernas e bigode...

Um comentário:

Anderson Lopes disse...

Os áureos tempos de Drummond!
Tempos de poesia que custam a voltar...

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