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terça-feira, 3 de novembro de 2015

Mina d'água

Nasce água
agora mina sua mágoa
derrete estantes
em geladeiras de antes
e depois correr
a serra abaixo para morrer
verbo com verbo
rima pobre
um ato nobre
um traço soberbo
que a soberania
na traduz
na fé que me cria
em epílogos e luz
Água agora
sacia-me na sua tangente
tinginda de transparente
minha alma encharcada
de ir embora
para cada
margem branca
de seu barro

Poema em pó

Poema,
para que poema
para sucumbir
a palavra azul
na estação sul

Poema,
para alimentar
silabas poéticas
cinco verbos nus
num truque voraz

Poema
que fica de quatro
para ocupar partes
de um atentado
ao pudor do vício

Poema
que enterra vivos
páginas e livros
na estante, cujo
belo está no sujo

Poema
poeira, à luz
da tela e pena
escreve poeira
no puz do dilema

Poema
que invoco pobre
que rogo sem fé
e derramo inútil
copo de café

Poema
puro ou com leite
pedaço de pão
caído nesse chão
de abrigar doente

Poema
velho e sem dente
de mastigar rugas
na cara da gente
e chorar vermelho

Poema
de caco e telha
de rastro de lesma
marcando seu tempo
com risco e gosma

Poema
que descamba vil
na puta que pariu
o outro filho seu
que não eu na sorte

Poema
de esticar a morte
na vala de ontem
onde dorme enfim
seus versos pretéritos

sábado, 24 de outubro de 2015

Carta para o céu

Os opostos não se atraem,
se repelem
tanto que um quer se fundir no outro
ao ponto de que o outro
não tenha a mínima chance de o ser
em sua integralidade.

Entre iguais,
dois corpos não habitam o mesmo espaço,
mas cada um reconhece
o espaço alheio
e é essa mecânica invisível
que move toda coisa do universo.

Não é um manifesto disso
ou daquilo
mas um clamor ao respeito
de que cada um tenha direito
a sonhar
antes de colocar a cabeça
dentro de um travesseiro
e morrer sufocado de dor
e lágrimas.


Recado

Minha filha,
a vida é triste e pequena
e eu navego nos seus temas
dia após o outro
como um pirata
raspando seu casco
de borracha
pela negritude
de sua pele de asfalto.

Peço que tenha paciência
para além
dos seus alentos,
que o sonho é feito de esperar
que a tarde venha
mais devagar
que um trem urbano
sob os trilhos
de um endereço
que não sabe se quer voltar.

Peço que não se atrase
em demorar seu riso
pela labareda viva que emerge
de cada margem
esquerda e plácida
de uma travessia.

Há entre os dois lados
da ponte uma eterna
queda para a indecisão.
Não se quede
para labirintos
que não saberá onde está a saída,
nem se prive de conhecer o desconhecido.
Mas antes, ouça muito bem
esse silencio gritando dentro de você.
É nele que mora
a porta e o segredo de tudo.

Ame mais que eu amei,
mais que um dia possa amar
e quando tiver dúvidas,
as tenha,
mas não se estabeleça nelas
como uma pedra
fincada no subterfúgio.
Antes, examine-as e as coloque
na pauta da solução
que, com certeza,
achará para guiar seu coração.

O pôr do sol

Vermelho como um pôr do sol
que se extrai das montanhas
que se esconde nas entranhas
da terra,
atrás de um rio
eu me sou.

No espelho de seu amarelo
na labareda
de sujar o céu
como risco de giz
no chão azul de uma criança
eu me vou.

Compõe-me no eco de sua cor
a se desvendar
como uma ternura que não dói na dor
e beleza inanimada
pela morte de sua luz
que se desmaterializa
no breu de um poema.

Não há nada mais belo,
nada mais cru ou inato
que esse mato
de coelho de páscoa
escondido num ovo.

Eu quero esse grito novo
de plantar um susto
toda vez que corro atrás
de seu rastro
de átomo incandescente.

Tempestade

Cresce no estio de mim
tempestades
cresce flor de capim
sua saudade
voar passarinho
para longe do telhado
e não dormir antes
de sonhar

Cresce sobre o meu fim
descoberta
um olhar para fora
da janela aberta
e molhar meus olhos
com sua chuva de jasmim

Cresce nesse sim
um sino que balança
na cumeeira
exalando o seu carmim
para o endereço do vento
onde não há mais dor

E quando haver cetim
na travessia do meu céu
cortar a nuvem
com meus olhos
de comer infinitos
eu vou estar, enfim,
sorrindo como o branco
de uma porcelana.

A ressurreição do poema

Ainda quando eu me for
há de morar minha casa
de onde volto, nó na asa
subir no mundo e só
me decompor um sonho

Ainda se me voltar
para o casulo de antes
morrer nosso instante
um dia depois de voar
sujar a cor do mundo

com sete sílabas azuis
desse prisma que ressoa
sua cova de diamantes
respingar veludo e tinta
e metamorfosear

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Bela

Bela bela
com seu sabor salgado
doce lábio
que me faz alado
desenha silhuetas
em minha pele
e tesa é minha liberdade
de aconchegar
os seus sussurros

Olhar de noite

Olhar feito do ébano da noite
que me açoita a temperança
me incute a cisma e o tremor
Olhar que atravessa a parede da minha alma
e devassa as cordas do meu coração

sábado, 22 de agosto de 2015

Céu descoberto

Cubro-me de tudo
que restou do céu
e me basto de vislumbrar
uma cortina de edifícios
cortando o horizonte
onde voam as almas
dos pássaros
que desenhei na infância

Eternidade

Vejo minha eternidade
coberta de pó
e choram epifanias
no chão onde brotam
primaveras para o amanhã

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Oração simples

Deus,
perdoe-me a sede de nada
e de tudo
de maneira que não
me encontro
na profundidade
de um poço.
Perdoe-me a cegueira
de orvalhos
fartando a grama
de meu quintal,
o olhar sem horizonte
que os pássaros
lançam todo dia
pela cumeeira de meu telhado.
Perdoe a dor
e a aflição
que desconheço,
minha falta de apreço
com o que não se quantifica.
Perdão pela minha doença
de ossos que roem
as ruínas de quem me serve
todos os dias.
O camelo guarda desertos
em suas corcovas
assim como o silêncio
que se esconde no casulo
de uma borboleta.
Eu quero essa sede
de orvalhos
saciando os meus dias.

Grafite

Aonde vai com seu terno,
seu mocassim preto
a se esconder no olho
da multidão?
É esse fosco eterno de seus dentes
adentrando a manhã.
Um chão de graveto,
sua sombra nos viadutos.
Encontro-me no grafite
das ruas
a plantar rosas
com seus espinhos
espetando minha realidade
mais que asas de borboleta
a desenhar a existência
na paisagem dos becos
de onde moro.

Inanição

Guardo- me na
obesidade dos homens;
nutro- me da anorexia
preconizada
numa vidraça
onde as manequins
morrem
de inanição e inércia.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Tudo que tenho

Tudo que tenho é menor do que a razão de ter conhecido você.
Tudo que tenho é como um grão de tesouro que cabe no embrulho do meu coração.
Uma vez que te amo,
é uma razão maior de viver.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Carta aos mentecaptos

Posso ter hoje a maior certeza da vida;
lembrar que, na crista do tempo,
estarei tão presente
como nódoa de manga verde
me inscrevendo
na tábua com letras
de poesia.
Mas isso não me comove...
Há no caminho um ar
exalado dos escombros,
onde os cegos enxergam
apenas o ofício e os préstimos
de uma jornada sem
o júbilo da minha luz.
Não sigo a trilha dos ignorantes, faço-me desatento para não ferir meu coração. Deixo que se façam lobos,
sou exímio caçador.
Moro em qualquer lugar onde justiça seja um telhado para todos
e abdico de quem fala muito
sem conhecer a plenitude das coisas.
Eu, eu sempre me vou,
levo apenas a síntese de tudo, e deixo correr nas águas de um rio,
aquilo que nunca será passado,
pois nunca existiu no meu coração.
Nos vemos no futuro,
se você estiver por lá para
me encontrar.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

O tempo do amor

O amor é um relógio sem ponteiro
é seu sorriso que mora em mim
meu tempo para você, o mais derradeiro
nossa vida um elo que não tem fim

Você é a minha deusa, meu mundo
a súbita essência do meu riso
nosso segredo é um elo profundo
é agora o que eu mais preciso

pode me convidar para tudo
pois o amor não conhece a pressa
e com você o meu amor é mudo

e em mim sempre recomeça
eu quero o arrebatar agudo
no toque dessa beleza expressa.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

No muro da infância

Na minha infância moram
cacos de telha,
esconder no invisível
onde me pegam
de súbito
o pulo de um pé só
a galgar quadrados no chão.
Moram braços
esticados
abraçando o mundo
girando a órbita
de construir poesia
com ciranda
e na varanda
ouvindo as histórias
sob à luz de estrelas.

A pedra cinzenta

Enquanto
pétala que ventila
a tez da lua
se descobre nua
e destila
cor
no crepúsculo
de uma pedra.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Acorde

Acorde,
desperte do seu
sonho de travesseiro
e sinta
a realidade
nua e crua
cortando a retina
dos seus olhos
e penetrando
profundamente em sua
carne
com esse amanhecer
servindo café da manhã
com raios de sol.

Nunca se vá

Nunca se vá
sem me dizer um adeus
sem um afago
sem o doce beijo
do seu sorriso sobre o meu
sem o toque do seu
sussurro sobre
o meu sonho

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Poema Urgente!

Eu deixo minha tarde
de poeira acasalar o grito das andorinhas
Eu deixo fecundar a noite
mais profunda dentro
de mim
e acolher na carne fria
da tua sarjeta
os oceanos colhidos do sereno
desse teto de nuvem,
desse céu grávido de agosto
com seu talher de bronze
a devorar minha vontade.
Eu deixo aberta a porta
comportando minha
ilusão que não quer ir embora.
E visitar a cidade,
e vislumbrar nos olhos
da cidade
essa cisma urbana
de beco e abandono.
Às casas, aos muros,
o seu rascunho desenhado com a silhueta de sonhos
que não alcançou a nuvem mais faminta de abundância.
Abandones essa fábrica
derradeira de vicissitudes
e morras num combate
real de pedras
que fazem doer
à menor queda,
mas não faz quedar
a seiva da árvore que faz
brotar do abismo do ser
a verde constatação
de que germinas quando
tens os pés fincados no chão
como a lucidez de uma raiz.
Eu deixo para amanhã
o que não posso fazer hoje
mas não deixo para hoje o que nunca terá amanhã.
Eu já fiz ontem...

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Amigo

Celebrar um amigo
é como erguer
saudação ao amor.
Um amigo
se cria em casa
no entendimento
de um pai
no olhar complacente
de uma mãe
na cumplicidade
de um irmão
na empatia
de um casal.
Amigo se conserva
guardado
numa beleza
capturada
de um pôr do sol.
Amigo também
faz chorar
mas é mais consolo
e gratidão
e se encaixa
perfeito
nas suas
imperfeições.
Amigo não tem dia
não tem hora
não tem fim.
Amigo é sim
e não
sem se preocupar
em fugir
do seu coração.

O jogo

Vestes hoje um uniforme
que brilha longe estonteante
Em destaque, és peça inatingível,
com longevidade e brio

Jogas um jogo solitário
em que o melhor amigo
não irá bater teu ponto
nem sinalar o regresso

Tuas vitórias são sempre
o estopim para a próxima
batalha: mais árdua, mais dura

E enquanto corre para o alcance
desfalece em prol de teu júbilo
algum adeus, o que não cabe em ciranda.

domingo, 5 de julho de 2015

Achados e perdidos

Saiu com um desejo
procrastinar a vida
e depois de amanhã
esquecer

Cortar o céu com pássaros
e atirar
um sonho na cabeça
com recheio de futuro

Saiu como um cão
de olhos amarelos
com seu refúgio de rua
a aglutinar
seus dentes
num osso esquecido.

Começar
um desenho ao esmo
afundando,
de vez, seus passos
no chão.

Saiu,
sem deixar para trás,
qualquer saudade
de hoje

E seus documentos
encontrando a sarjeta
de alguma
caixa postal
no endereço de seu
abandono...

Procura-se:
achados e perdidos.

sábado, 4 de julho de 2015

SP-270

Meus olhos são dois faróis
a guiar-me por entre
os vãos de um caminho.

Na seccionada recebo
as bênçãos de seguir adiante.
Não sou anarquista
de pontes
e tenho um anfitrião
a me conceber as glórias
da demora.

Enquanto, imprudente,
um pisca intermitente
pedindo passagem:
há tanta pressa em morrer...

que nada mais me comove
além das lágrimas que
chovem lá fora
e derramam aqui dentro.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Palavras

Procuro palavras espalhadas,
encontro coisas como telhas
no outono, no inverno
que inverte o meu sono.

Procuro livre o meu arbítrio
encontro livros vazios,
átrios inocentes comovendo
flores em jardins de casas nuas.

Procuro invertebrado o ócio,
meu osso de coisas novas,
rude e temperado
como prova de desespero:

- Onde mais eu quero,
vela atiçada, nuvem que verte mágoas
de um dia de sol?
- Onde mais eu peço,
na pele de castiçal, pescar meu riso
esticado na ponta de um anzol?

Palavras que planto, colho planos
em rascunhos de um voo.

Procuro, no martírio de mim,
fatos, objetos rarefeitos
na atmosfera sóbria do fim,
tálamo de silêncio vil.

Procuro no alambrado do tempo
o verso, aconselho estribilhos
entre o parênteses da vida.
Me convida para ser vento

Pois palavras são como pedras,
imóveis, imaturas
na inércia da exclamação
despida de verbo...

Meu tablado sem texto,
máscaras na tablatura
de interpretar intempéries,
febres, crisântemos, colibris...

Minha ode, onde a preguiça espreita,
onde não se pode vestir a rua,
louvar o cisne vagabundo,
nem cuspir vagalumes no passado.

Palavras,
apêndices, imãs
que me prendem, travam minha língua
e o escasso modo de dizer
o que escrevo sem meandro.

Palavras,
léguas distantes
que alcanço no porvir da tarde,
no estalar de dedos,
no segredo de confessar silêncios.

domingo, 21 de junho de 2015

Arremedo

Degrau acima
para encontrar a montanha
de frio que busco,
vencer o medo que não enxergo
quando há limite.

Degrau acima
escolher o céu que me pertence.

E dissipar de um livro
os arremedos,
antes que cedo
caia em redundância.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Decompor

Semeia o sêmen e prega entre as aspas da origem
o  caminho nômade onde galgará
a argila cheia da desidratação de um tempo.
Sente como um espinho que perfura o dedo
e espalha sua virgindade pela umidade
da água que jorra em abundância na solidão de um a pia.
Eu trago os restos de um bagaço
que se acomoda destilado no fundo de um copo,
eu trago a enfisema que se resgatou
de ontem da verdura de uma planta.
A que mascava o delírio de um índio,
que soprava epifanias pela boca de um cidadão de gravata.
Atrele-se em compromisso comigo,
dilate-se ao estado de nada e chegue
onipresente pelo viés de um teclado digital
às janelas e portas do mundo.
Sente-se! Oh Margarida!
Convida-me a usufruir a vida com o que tem de melhor.
Há lacunas em minha palavra,
há dissertações que desconheço
sem descobrir o valor que se perdeu pela página de um livro.
Poente que se faz diluir na íris delgada da minha tarde
e arrasta pássaros pelo côncavo do céu espalhando sua leveza na miopia dos meus olhos
sumindo como as migalhas que roubou de algum telhado.
Eu moro mais a rua que o cômodo
estado de quarto  dos casais.
Camas espalhada na pele da calçada,
a vida calcinada como  um mármore
revestindo a paisagem com os corpos de gente.
Eu moro seu versículo espalhado por seu rosto
a tapar o sol que irradia invadindo
sua manhã.
Eu moro a decomposição da palavra
que vem significar a dor mais que nomear o êxito.
Eu moro viver sem lucidez alguma,
apenas me encarcerar pelo lúdico
que navega nos tropeços de uma criança.
Tatear o vento, morrer de tétano,
ser um fermento que vai multiplicar os pães
que serão digeridos pela acidez da minha fome. 

Entre sombra

Atrás do escuro há verdades que escuto. Há reflexos de um bisturi cortando os retalhos de sombras que deixo no vão de mim.
Um poema é sempre um poema,
é pouco, é sem casca o sumo
doce da laranja,
e o néctar adocicado do mel,
que é refém na morada das abelhas.
É sempre mais pouco que a rua que se comporta como mendiga de gente.
Eu nunca vi por debaixo da poeira
aquele não me quer de poesia, nunca vi num rastro de chão
a pressa abrigando a morte
na próxima curva
e ela acontece tão devagar.
Mas o corpo da mensagem
se encaminha livre para seu destino.
Era como Manoel a observar
a curva do anzol
pelos olhos do peixe,
e não há signo no horóscopo
do lago.
Não havia cisne,
é conversa de feira,
acabar com o feriado e lamber um bate papo
na barbearia do seu Dantas.
O inverno de Dantas tem
mais lua cheia que uma noite inteira de pesadelos.
Essa metamorfose é uma metalinguagem
para dizer de mim
inequívoco, obsoleto, sem tragédia, sem fome nem alimento,
é chama que se acende entre as
pausas de um vagalume.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

A casa

Retorno ao principio
de tua sala
para aprender os descaminhos
que não pude evitar.

Retorno à xícara,
eu, ébano quente,
evaporando delinquente,
minha sina de café
a espalhar por sobre a mesa,
os dissabores
ao encontro de sair pela rua afora.

Retorno como embrião
infecundo
ao estado de pássaro
que ainda não
cerceou pelas beiradas
do ninho,
e espera, ávido,
pela proeza de um bico frágil

me trazendo o untado pão
que descubro nesse
forno quente que se reverbera
pela casa.

Retorno ao ventre livre
de suas paredes
e me descubro livre
dessas redes
emaranhadas para além
desse quintal.

Pássaros azuis

Não foi num céu de Istambul
que devastei meus olhos curtos
e trouxe, à planície, uma aragem...
Senão essa imensidão azul
que me rouba a paisagem
em botão de flor de pássaro.

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