De noite,
choro os gritos que guardo do dia
recebidos no silêncio,
sorrio bocas amordaçadas
de risos oferecidos, inesperadamente.
De noite,
alcanço o portão que busco no quintal
do cotidiano - e, la fora, onde se esconde
o mundo no invisível das coisas,
encontro miçangas de construir instantes.
De noite,
acordo cedo o futuro que me tarda.
Na arrebol de ser vespertino
descubro a praça que o banco
escondeu na solidão de amanhecer.
De noite,
rezo as alfazemas que o inverno esqueceu
na fragrância primaveril de um travesseiro
e colho, sem pressa, os sonhos
para amortecer as pedras da minha vida.
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