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quinta-feira, 1 de maio de 2008

Eu quis

Eu quis o perigo
Quis fazer um abrigo numa procura
Que cala minha loucura desenfreada

Eu quis botar os pés na estrada
Saindo de mãos dadas com a madrugada
Com uma mochila, um tênis e dois reais

Eu quis surtar de vez em quando
Quis subir a âncora e aportar em outros caís
Fazer uma omelete em minha varanda

Entrar numa quitanda
Saborear o ar num arvoredo
Ler um verso do Quintana e sentar a bunda num rochedo

Eu quis descobrir o meu segredo,
Fazer remendo em meu medo
E espantar um desespero.

Eu quis o exaspero
Quando roubaram a minha calma
Eu quis a minha alma na palma da minha mão

Eu quis deitar no chão
E observar a dança das estrelas
Eu quis a fé vermelha, são elas, são elas

Eu quis ver um brilho num sorriso
Uma alegria num olhar
Eu quis ser mais preciso

Eu quis a terra, o mar, o ar
Eu quis calar quando o silêncio
Apenas queria gritar,

Quando o momento
Era apenas fuga
Misturada em sentimento

Eu quis permanecer
Para sempre parado
Num instante de amar

Eu quis o mar,
Amar o mundo
Amar o tudo que há em você

Eu quis o prazer
Misturado com uma dor de perda
Com uma saudade que me deixa tão longe de mim

Eu quis o fim
Quis acabar desmanchado no estalo de um beijo demorado
Eu apenas quis ficar calado

Sem demora
Com o que vale a pena
Com o instante que faz acontecer.

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