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segunda-feira, 9 de março de 2009

BLOGAGEM COLETIVA - Inclusão Social: Racismo no Brasil

Em estudos recentes por parte de vários estudiosos conceituados das diversas áreas de atuação, dando ênfase àquelas que trabalham com humanidades, é discutida a questão do racismo no Brasil. Pala ilustrar um pouco esse assunto tão delicado, trago aqui as palavras do professor-titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, Kabengele Munanga, que é, atualmente, vice-diretor do Centro de Estudos Africanos e do Museu de Arte Contemporânea dessa mesma instituição coletada de uma entrevista à ESTUDOS AVANÇADOS, e postada no blog “EU, UM NEGRO”: “ Parece simples definir quem é negro no Brasil. Mas, num país que desenvolveu o desejo de branqueamento, não é fácil apresentar uma definição de quem é negro ou não. Há pessoas negras que introjetaram o ideal de branqueamento e não se consideram como negras. Assim, a questão da identidade do negro é um processo doloroso. Os conceitos de negro e de branco têm um fundamento etno-semântico, político e ideológico, mas não um conteúdo biológico. Politicamente, os que atuam nos movimentos negros organizados qualificam como negra qualquer pessoa que tenha essa aparência. É uma qualificação política que se aproxima da definição norte-americana. Nos EUA não existe pardo, mulato ou mestiço e qualquer descendente de negro pode simplesmente se apresentar como negro. Portanto, por mais que tenha uma aparência de branco, a pessoa pode se declarar como negro. No contexto atual, no Brasil a questão é problemática, porque, quando se colocam em foco políticas de ações afirmativas – cotas, por exemplo –, o conceito de negro torna-se complexo. Entra em jogo também o conceito de afro-descendente, forjado pelos próprios negros na busca da unidade com os mestiços. Com os estudos da genética, por meio da biologia molecular, mostrando que muitos brasileiros aparentemente brancos trazem marcadores genéticos africanos, cada um pode se dizer um afro-descendente. Trata-se de uma decisão política. Se um garoto, aparentemente branco, declara-se como negro e reivindicar seus direitos, num caso relacionado com as cotas, não há como contestar. O único jeito é submeter essa pessoa a um teste de DNA. Porém, isso não é aconselhável, porque, seguindo por tal caminho, todos os brasileiros deverão fazer testes. E o mesmo sucederia com afro-descendentes que têm marcadores genéticos europeus, porque muitos de nossos mestiços são euro-descendentes".
Tendo como base essas palavras do ilustre professor, abro aqui uma discussão pertinente para a questão da inclusão social. No Brasil, discute-se atualmente, as várias facetas dos excluídos. Há o excluído da era digitalizada, há o excluído sexual, há o excluído, enfim, resumindo, por ser diferente, ou por está inserido num determinado setor da sociedade que o deixa segregado dos demais setores. A questão da inclusão racial é um desses alvos de estereotipação. Desde 1500 que há o conceito de racismo no Brasil, não com esse nome, que veio ser adotado depois, mas, devido a cultura escravagista aqui tanto explorada, com a utilização da mão de obra do trabalho escravo, que foi-se inserindo na memória cultural coletiva do povo, esse conceito. É importante frisar que ninguém escapa do racismo. Ele é inserido implicitamente e até explicitamente em nós através dos meios de comunicação, através dos livros didáticos, dos livros de história e tantos formas de divulgação e assimilação. Fala-se muito que o Brasil não é um país racista. Engano. O racismo no Brasil é muito pior que, por exemplo, o racismo escancarado dos EUA, pois, quando se cria uma noção de que algo não existe, pela mudez coletiva de não explicitar publicamente, torna-se muito mais perigoso e nocivo a todas as pessoas, hoje, consideradas afro-descendentes. As pesquisas nos mostram que nas várias áreas da sociedade há a discriminação racial. Por exemplo, na área da saúde, na área da educação, na área do trabalho. Nesse último, é bem mais fácil de notar a disparidade de salário e aceitação no campo de trabalho por uma pessoa de pele escura em relação a uma pessoa de pele clara. Um negro chega a receber 70 por cento menos que um branco, que possui a mesma formação que este. No setor da educação, basta darmos uma passada pelas escolas da periferia e poderemos notar o grande contingente de meninos e meninas, todos afro-descendentes, que possuem um nível de aprendizado muito inferior às outras crianças dos bairros centrais e que freqüentam escola particular. Nas grandes universidades públicas do Brasil, essa disparidade é ainda maior, menos de 1 por cento dos estudantes que ingressam nessas universidades são de pele negra. Todos esses dados de pesquisa, nos servem para percebermos o quanto o negro no Brasil sofre com a exclusão, com a discriminação racial.
É importante para o país, como nação, para nós todos, como integrantes dessa nação, atentarmos para essa forma de exclusão, que muito das vezes, achamos que não existe, por existir de uma forma silente. É importante divulgarmos nos meios de comunicação, aqui na blogosfera, que o Brasil é um país racista, é um pais da exclusão em suas várias facetas. Para combater a exclusão, é necessário primeiro haver muito informação acerca, seja coletando dados de pesquisa, ou lendo sobre estudos de pessoas sérias que estão preocupados com esse verme que corrói a auto-estima do brasileiro, a exclusão. Eu, creio, que ninguém quer ser igual a ninguém, queremos apenas ser aceitos, ter as mesmas oportunidades, e sermos respeitados, acima de tudo, como seres humanos, em nossa total plenitude, como pessoas, com nossas virtudes.

6 comentários:

Cris Animal disse...

Acho que o mundo sofre desse mal, pq esse mal fazte do ser humano. As diferenças.....
Estou comentando nos blogs que eu acho que olhar o próximo como meu irmão, meu igual, meu semelhante é a única forma de inclusão. Ele pode ser o meu passado, o espelho do meu futuro. Ele, sou eu!
Esse mal é raíz no mundo inteiro.
Beijo grande
...............Cris Animal

Christi... disse...

Eu, creio, que ninguém quer ser igual a ninguém, queremos apenas ser aceitos, ter as mesmas oportunidades, e sermos respeitados, acima de tudo, como seres humanos, em nossa total plenitude, como pessoas, com nossas virtudes.


Falou um assunto cheio de questões e finalizou da forma mais chave de ouro, amei.
Bjs querido

Chris

Sueli Maia (Mai) disse...

Oi, meu amigo lindo.

Tolerância e respeito às diferenças, Márcio...
Beijos e muito carinho,

Mai

Ester disse...

Oi querido!


Um assunto delicado e polêmico este, merecia uma blogagem à parte!

Todos nós ansiamos por respeito e dignidade, as classes minoritórias e exclusivas ainda mais,

vejo essa coletiva como um grande campo onde muitas sementes estão sendo lançadas!

quem viver verá os frutos!


Obrigada pela sua brilhante participação, meu amigo sempre presente!

Sua contribuição é de valor inestimável!


bjs,

Quintal de Om disse...

Ainda querido, anciamos em ver um mundo onde as pessoas não se discriminem, nem se subreponham uma as outras por detalhes tão fúteis, sendo que na verdade somos todos iguais, nós "pobres homens" é que não enxergamos isso. Na verdade, mais cego é aquele que não quer ver!

beijos querido!

Parabéns pela abordagem.
Brilhante!

Delírios de Maria disse...

UM HOMEM E A REALIDADE

Certamente já vivi uma vida de alegria contigo
homem compacto
deliberadamente estabelecido em aparências(...)
incitado porém reafirmado-(...)-,
certamente já vivi uma vida de alegria contigo.

Passos largos
rápidos
olhar firme
se transforma em moldura
com detalhes minuciosos

Modelo singular
sem qualquer risco
Sem demonstrar nenhuma vontade de indultar-me
ou a si mesmo(...)
Vai embora sem nenhuma citação
Sem saber se possui o bem da terra
movimentos juntados em seu corpo
são filtrados em si mesmo
em linhas silenciosas...sem sentimentos
reais.

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