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domingo, 1 de julho de 2012

Retorno ao azul

Há crianças por todos os lados,
velhos andando de mãos dadas...
Um sereno morno pelo sol recente
umedece a relva estendida como tapete - sou hóspede.

Meu corpo chora e se compadece,
galhos e folhas alimentam o chão
ainda frio do inverno. Quero o grito das coisas.

Um homem visita hoje as pegadas de ontem,
um homem que engatinha seus primeiros passos.

- Aonde vou?
- Aonde irei?

Que sou senão a seiva de uma árvore antiga,
um broto teimoso na areia infértil do deserto impiedoso da vida.

Há macacos e bichos preguiças na espreita do meu passar,
onde estou?

Que lugar é esse que me chama na fertilidade de um sorriso,
no aconchego de um abraço, no toque sagrado
de um sopro leve de vento?

Eu não sou de apenas um lugar,
eu sou para o tudo, para o instante do inesperado.

- Meu Deus! Meu Deus! Eu clamei, com a cumplicidade
do tempo, pela seta que me levaria ao alvo
de um canto onde sempre busquei, mas nunca entendi.

O portal é o monumento divino que me faz vivo.
Eu sou o graveto seco, eu sou o humus
que alimenta minha sede, cálice de segredo
que derramo aos olhos cegos do mundo.

Guia-me agora pelas veredas do sentir. Faça-se em mim
o orvalho que  verte como chuva
na colina salgada da minha face.

Eu preciso ir, eu sei que eu preciso ir ao encontro
de mim mesmo.

Quero retornar ao azul que nunca me abandonou,
quero ser a água que corre
pela pedra cheia de limo.

Ouço o cântico do amanhã
ouço minha fé pelos poros
brotando da imensidão...

Eu sei, Azul, que nunca me abandonastes,
nem nunca abandonará.

Um homem se revela agora pela fome de uma criança.
Estou indo embora de volta para casa...

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