Feed

Assine o Feed e receba os artigos por email

domingo, 7 de fevereiro de 2010

A parede

Eu estive antes, agora e depois,
pois sólido é meu corpo
que um dia já foi vento.
Nesse exato instante
eu estou tão infinito
que perco a conta
de onde começo ou termino.
Desconheço o medo
de ir embora por não saber
para onde irei...
Depois de me preencher
de tanta poesia,
depois de me fartar
de tanta gana e riso,
lambuzar-me com lágrimas
e o sal incompreensível
dessas armadilhas tão relapsas,
descobri – ainda estarei aqui –
mesmo depois de minha
consciência desconhecer
nem me reconhecer diante
dum espelho...
Eu sei... sou esse tijolo
inquebrável que preenche
a insubstituível lacuna
desse muro de tempo sem fim...
Depois de mim, antes de mim
outros tijolos se sobrepõem
e me ponho sobre aqueles que jazem
pelas ruínas da história.
Mas, é revirar os arquivos
poeirentos dessa parede,
e lá estarei ainda um bloco tímido
com a pintura gasta,
talvez sem reboco
para me contar
nessa edificação sem fim...

4 comentários:

Sueli Maia (Mai) disse...

A materia e o imaterial estão aqui versados de modo tão poético que o quintessência - quase nos toca.
Você me impressiona quando escreve assim.
Meu Deus!


P.S.

Eu ainda pretendo usar um layout branco no 'inspirar' mas a fonte em prata - Ah! Márcio, ela exige tanto de minha miopia, não fosse o tamanho, acho que não conseguiria.

B eijos, amigo.
Bom Domingo!

Sueli Maia (Mai) disse...

Oi, Márcio,
Eu acho o tipo e o tamanho da fonte, muito bons
A dificuldade de que falei foi o tom cinza. Mas de repente esta é a tua proposta mesmo, ser leve, suave e assim compreendo e, por isto mesmo, nunca mencionei.

Mas também acho que se não dissermos não haverá como saberes, não é? Então, talvez haja um cinza mais escuro, grafite ou preto, não sei... Mas por fim, sou eu quem peço desculpas - afinal - o blog é seu, meu amigo poeta.
Obrigada!
Beijos e bom domingo!

Erica de Paula disse...

Estava com saudades de vior aqui!

Tá lindo!

Bjos!

Renata Penzani disse...

gostei tanto daqui...
comecei a ler porque toda vez que esbarro nesse poema do mario quintana abro um sorriso enorme. e fui lendo, lendo. muito bom!

queria ser da poesia, mas não consigo, sou dos contos, haha. dá uma olhada nos meus rabiscos quando puder: www.furtacores.tumblr.com

um beijo!

Arquivo do blog