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domingo, 5 de setembro de 2010

diário de um monólogo

(...)tenho uma xícara de café como companheira,
sim, tenho, isso é paradoxal, porque à minha maneira de ver
pertenço ao clube atlético do sozinho, uma multidão de ninguém
reverberando os rostos do mundo, esse concreto de sal e água(...)

e é uma estrutura, é um círculo as prisões efêmeras da eternidade.
sou mudo, sou surdo, sou cego, uma faca cortante de dois gumes,
um alicerce imperfeito, ferrugem carcomida, osso e chama acesa,
uma vela derretida num pavio que se transforma em cinza, uma presa
nessa represa constante que me invade, ao covarde sou o medo
que acomete e inverte e instiga a coragem iminente, seio virgem de
prover o nada por essa terra batida de estrada que a vida oferece.

por que tens todas as respostas? não há respostas, nem liberdade,
nem saudade sem distância, nem distância sem espaço, nem espaço
sem lacuna, nem lacuna sem vácuo, nem vácuo que não seja nada...

então, que lida é essa, esse desespero entorpecente, esse delírio
pervertido de unanimidade? se eu não estou aqui, se eu nunca
estive aqui, se ali é nada além de qualquer lugar, que também
não existe, e para onde vamos, e de onde viemos, e quem somos,
e nada somos além de uma consciência que é anulada por uma inconsciência
eterna? a consciência, meu bem, é finita, a inconsciência não tem fim,

é a única certeza, pois nada tem sentido além de que não há
lugar algum de se fazer pedra ou árvore, ou pássaro...
construímos grandes edifícios em prol de apenas ornamentarmos
o que um dia chamamos de consciência, é a assinatura
dessa grande obra da humanidade... colhei-vos todos
o fruto perecível do saber e fartai-vos todos, pois,
mais dia menos dia, a semente germinará, e o adubo
de uma grande floresta será o podre das nossas próprias convicções.

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