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quinta-feira, 16 de abril de 2009

Gamela

O vestido jogado por entre as pernas,
acocorada diante da gamela,
ela esfrega o encardido da roupa suja.
Ali, embaixo da goiabeira, a meninada
fazendo estripulias
e ela dá a “sua palavra” de que vai dar uma pisa
se quebrarem uma perna.
O cipó de fedegoso a espreita,
pronto para entrar em ação,
mas de coração, ela não é má,
dizem numa conversa fiada de botequim.
Dona Clemência tinha piedade,
ainda mais que o seu rapé a tranqüilizava
e contava mesmo umas histórias
de fazer inveja, causos do antigamente,
que até mula sem cabeça aparecia.
Velha preta, cabocla de Ilhéus,
Já visitou os céus e agora conta suas memórias
para os anjos arteiros do seu léu.

3 comentários:

Christi... disse...

Você pareceu um ourives trabalhando uma peça bruta e transforamando em jóia.
Mas como usou as palavras, digo que a sua poesia foi além do que até você imagina...
Tem vezes que nem temos noção do que sai de nós, até sabermos o que entrou no coração do outro.

O meu pulsou aqui, lindo !

Bjs meu querido, ótimo final de semana pra ti.

Chris

Quintal de Om disse...

Histórias que brotam nas minúcias das palavras que juntas, abraçam outras mais;

São flashes que invadem as mentes e sintonia de saudades que atravessam os corações;

É a simplicidade de teus versos que traduz cada vez mais belo os ricos detalhes desses verbos meninos.

Adorei, lindo, lindo, lindo...
Beijos Meus!

O mar me encanta completamente... disse...

Te ler é sorrir sempre, é ver brilhar a retina.
Cada vez mais me torno cativa
de seus versos; eles me ensinam
como é verdadeiramente ser poeta,
ser gente com sentimentos aflorados, e emotivos.
Linda sua criação, querido poeta. Tomara possa vir aqui sempre e me deparar com tamanha beleza de versos.
Beijinho.

Glória

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