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sexta-feira, 3 de julho de 2009

Alvorecer

A segunda metade do ano dada pela primeira década do século,
Obsoleto, irrisórios pensamentos alçando vôo rumo ao inimaginável.
Nessas primeiras horas da manhã, um corpo já doído desperta e comemora

A folga almejada, suores fadados às suplicas de descanso...
Mas que hei de fazer? Mil desejos retraídos acomete o espírito de solidões,
Essas prisões inevitáveis onde repousa a causa de um viver todo.

Uma senhora que tanto fez, de lavadeira à preparadora de confetes, ao passo de uma
Longa labuta, hoje escuta a voz chorosa da falta do que fazer,
Pois que tanto sonhou em lividez, que tanto almejou de mansidão do corpo,
Que, máquina que não gira suas engrenagens, reclama à ferrugem,

Essa que carcome os ossos, essa que aniquila de uma prisão mais insensata
De uma liberdade assentada na palma da mão.

Mas não é disso que reclamo, nem conclamo aos indultos das vozes cegas
Que tanto guiaram pela marcha obscura do viver...
Não pestanejo nem evidencio minhas lamúrias, nem busco o vão e o vácuo
Capítulo tecido em letras brancas que um vento leve sussurrou num dia
Quente de janeiro. Não...

Mas eis que estou a sonhar um passeio rumo ao concreto, rumo ao abstrato
Que tanto construo em manufatura. E pesco mesmo alguns silêncios
Que meu corpo não desejou falar, pois, aqui, dolorido, é essa pequena dor
De uma tendinite que me vem visitar de vez em quando, diz que estou bebido dessa tal ferrugem.

Ah, antes tudo! Um tudo submerso em fantasias nessas orgias minhas de cada dia – onde
Meu espelho é mesmo aquela reflexão de nada refletindo uma história criada ao caos
Do acaso de viver. Pois que viver é um acaso, pois que amar é um caso criado de

Eternas buscas, é um raso riso oriental onde as pétalas de papoula se abrem discretas.
Aqui, concluo minha manhã de inverno frio: desejo mesmo um vapor morno em meio
À neblina fria da madrugada, para evidenciar meus erros, meu eu destacado pela poeira
De viver – onde as


estrelas choram suas noites tristes, onde o corpo reconquiste,
Com algumas manobras, a tez risonha do alvorecer.

5 comentários:

Eu disse...

Olá Márcio...
Estou em falta com você, não tenho visitado como gostaria.
A correria da vida nos faz perder leituras com essa que acabo de fazer aqui... e é uma pena pois é rica por demais!
Um abraço carinhoso e um ótimo Fim de semana para você!

Atreyu disse...

Pareceu a descrição de uma viagem
Que nunca acabou, ou que não teve seu fim escrito

Vivian disse...

...adoro o alvorecer,
porque com ele vem a
esperança de um dia claro
impulsionando nosso caminhar.

um beijo, meu poeta!

muahhhhhhhh

O mar me encanta completamente... disse...

Adorei os versos e
a reflexão contida neles!
Você sempre você!
Sempre com um olhar
profundamente reflexivo...
Saio daqui encantada,
como só poderia acontecer...

Beijinho

Sueli Maia (Mai) disse...

"...E o fino disso tudo é ser apenas a pena..."
(Márcio A.)

Ser leve foi isto que escreveste na coluna ao lado.

E aqui no 'alvorecer', teus voos rumo ao inimaginável.

Isto é tudo o que se pode ter - patrimônio inalienável do sujeito q é único.

Estás super bem neste teu voo solo onde levantas do solo de mãos dadas com alguém de mãos dadas com as palavras de mãosdadas com a liberdade de pensar e voar sem amarras, apenas com a imaginação e o poder da criação.

Lindo, Márcio.
Paz!
Ama, amigo e continua a tessitura de tuas palavras, teus fios que tecem a arte da escrita e do amar.

Fica bem, querido amigo.

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