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sábado, 11 de julho de 2009

Coração indelével

Quereria o poeta ser um osso,
tosco, descarnado, fosso de dores,
pétreas angústias dizimadas
por sua convicção – sua antemão de amar,
reles fio de esperança numa lambança
quase imatura de coração juvenil,
numa aurora quase morna de prelúdio de verão?
Sim, quereria... Quereria morrer
aos botes secos da mais sinuosa serpente,
e viver a certeza mais onírica
dos súbitos viajantes de estrelas,
para, numa mensagem rasgada à luz branda
e incandescente do tempo,
verificar algumas linhas mal traçadas
de um amor confesso, um amor indelével
e rígido como pedra solitária ao céu,
ao vento, ao tormento da eternidade absoluta?
Sim, quereria... Quereria o poeta ser apenas
uma trégua de sua luta intensa,
de sua busca imensa nessa nascente
de vida propagada em pequenos orvalhos?
Sim, quereria... Assim como quereria dormir
sob a luz desses olhos,
velado pelo brilho terno e pueril do amor,
riso e desprendido, momento de extrema
solidão e plenitude, uma eternidade escondida
num segundo, por se saber amado,
ah, dado universal que corrompe as certezas,
essas correntezas inevitáveis
de se ver preso nessas
armadilhas cruas do amor.
Sim, quereria... Sim, digo e quero...
Sim, espero por menor esmero que seja,
assim rumo errante, rumo pedante,
o poeta carne, osso e coração
vestido por uma alma de ilusão sem fim...
Sim...

4 comentários:

Vivian disse...

...e não é por acaso,
o coração do poeta,
berço de todas as ilusões?

ilusões estas onde me perco
quando as letras vem brincar
nas pontas dos dedos.

bjuuuuuuuuuuuuuuuuu

Beatriz disse...

lindo demais,sensibilidade à flor da pele...

Quintal de Om disse...

Que seja poeta ou não... quando a brincadeira de viver sorrindo, chorando, cantando, caminhando, driblando ilusoões quase sempre não precisa de palavras, nem de rimas, nem estéticas do que quer que seja...

As histórias ficam mesmo no ar.
E nós corremos atrás para pegá-las, como bolas de sabão!

Assim, o sorriso sai instantâneo e a lágrima... quem disse que só pode ser de dor?

Abraço carinhoso, Amor meu.

Sueli Maia (Mai) disse...

Tosco, fosco, morno mas não és porque nem combina contigo, seres neutro, morno, mais ou menos.
Um homem intenso como demonstras em teus poemas, não se cabe tosco ou fosco ou nublado.

Quando te conheci, escrevias assim, compulsivamente. Lembro-me que, por vezes, eu nem conseguia te acompanhar e, vinha aqui, cinco, as vezes mais e a cada instante uma nova postagem, um novo poema, uma nova inspiração e as palavras tecidas com magia.

Beijos, Marcio.
Fica bem, amigo.
Estás?

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