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sábado, 16 de outubro de 2010

o lenço da noite

como se fosse ontem,
as roupas sujas de tanta rua,
a face desenhada de tempo -
é tanta hora meu Deus - é tanto vento,
fazer compressas em minha febre.

ontem eu já não era lívido, nem brando.
ontem eu era espanto.

porque de tanto caminhar e pranto
eu vou... é rua deserta - aonde a flexa vai,
somente o desejo fixa,
nem cume nem vela, nem alvo e sentinela
para chorar o que ainda não chorei.

é que de tarde a chuva cai
e o meu medo é ficar encharcado
de suas angústias.

mas me sirvo de lenço, uma xícara tão quente
e seus segredos revelados.

4 comentários:

Sueli Maia (Mai) disse...

É duro, quando chove por fora e por dentro.
beijo

Quintal de Om disse...

Fosse o que fosse, ia por toda a paisagem uma inquietação turva, feita de esquecimento e de atenuação. Era como um torpor baço, aqui e ali colorido. Um acinzentamento imponderavelmente amarelado, salvo onde se esboçava um cor- de -rosa falso, ou, onde estagnava azulescendo, mas ali, não se distinguia se era o céu que se revelava, se era outro azul que o encobria. Salpicado de estrelas, mergulhadas em nuvens de algo negro.

E chovia, e chovia...

Não se sabia se o que se fazia era chuva de cima, era mar desaguado da terra por olhos viajantes.

E caminhava, e caminhava...

Nada era definido, nem o indefinido.
nem visível era: era como um começo de ir e vir qualquer coisa.

Era apenas um desejo de trocar sal por sol.

Anônimo disse...

A chuva cai aqui e conversa comigo nesta tarde, mas seu poema é que me encharca. Lindo escrito!

Beijo.

nydia bonetti disse...

Aqui também chove, Márcio. Sei tão bem deste sentimento encharcado dos anoiteceres chuvosos. Me sivo de poesia - e ela me aquece, muito além da xícara de chá. Beijo!

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