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sábado, 22 de agosto de 2009

Tímido retalho de chão

Um bobo de galocha
a boca seca,
a perna posta
perdendo uma aposta
de soneca...

Ela dormindo as horas
como uma boneca
porque amanhã
irá embora
seu riso infantil.

- Ei, tem um envelope!
E aquelas coisas de ontem
ficaram guardadas
como um galope
que ficou marcado no asfalto.

Pois tem mais canção,
tem o som uivante
de um mero cão
lambendo
a preguiça dos passantes.

E era lambança
tudo aquilo quebrado,
um sábado morno
como uma pétala
sonolenta de inverno.

Mas ainda tem
o fim das contas
a prestar lembranças
com o futuro.

Um dia duro,
átrio e impuro
como um furo
impenetrável.

E eu aquecendo
meus verbos
como um esqueleto
coberto de palavras,

pois aquelas botas
eram novas,
e o pano que enfeitou

suas roupas pequenas
era um tímido
retalho de chão.

4 comentários:

Beatriz disse...

"E eu aquecendo
meus verbos
como um esqueleto
coberto de palavras," adorei isso, tem um quê de João Cabral.
beijo e abraço poeta

Hugo de Oliveira disse...

Sempre perfeito na escolha dos textos para colocar nesse belo espaço. Parabéns!

Abraços


amigo,

Hugo

Erica de Paula disse...

Adorei o texto anterior" De que tamanho é meu sentir?"

Esse tb tá lindo, viu?

Alias vc é otimo com as palavras!

Bjos e boa semana!

Sueli Maia (Mai) disse...

Galochas e botas calçam e protegem o impacto com o chão. E a palavra recobre o esqueleto com músculos, vísceras, carne...E somos poetas, amigos e a emoção se deita em palavras enquanto nós pisamos o chão.

Abraços,

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