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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A borda

Entre o isqueiro e o cigarro,
uma fumaça defumando
um coração cheio
dessas chagas do dia.
Por sobre a mesa,
a miséria dos livros
espalhando uma náusea
misturada com o crime
e o castigo do estrangeiro:
um canivete abençoa a graça
das unhas cortadas.
Num canto, esquecida,
uma xícara guarda
um resto de amargo
que ficou da boca, no fundo,
borra e café, e a borda
sacia de silêncio
aqueles lábios mudos
cheios de mundo,
cheios da fissura
desse tempo vil.
Quebrando essa novena
sem tempero,
apenas Chico e o vento
limpando a poeira e o vazio
d`As Vitrines tão despidas
de remorso.

3 comentários:

Lílian Alcântara disse...

gosto de poemas que me fazem sentir o ambiente e vê-lo... e por fim a realidade que parece um poema fora do que presencio ...

Fabio Rocha disse...

Belo seu escrever. Parabéns!

* Leticia * disse...

Seus escrita é tão singela que toca até mesmo os coraçoes mais escondidos dentro nós! Tão simples e completo que tenho a sensação de que sempre me falta algo...

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