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sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Terra fixa

Hoje eu nasço mais incondicional que uma rocha
nessa véspera iminente de trinta e quatro.
Nasço e trago a ferrugem dos dias
nesses ossos meus, prometo uma ode.

No caminho tem paralelepípedo, eu vejo,
tem a força de um trovejo que a boca
calma das matinais trouxera de ontem:
como se eu ainda fosse um manto, desnudo.

Do mundo eu trago tudo que me coube,
trago a veste surrada das horas,
outras coisas tortas, a ira, quem já foi embora,
e os desvios, e os desvios, e os desvios...

Hoje eu faço, porque fui, sou o áspero
que ainda está alheio, aba do desespero
que ainda é centeio da minha fome,
meu país sem pai, sem nome, descalço.

Alguma vez eu estive pelo crepúsculo do dia
como quem avista, longe, a áurea das coisas
e ouve o tilintar soando calmo, móbile ao vento,
pois todo tempo, tudo move, move, move.

Move ainda mais em mim meu coração
de menino, que pulsa, aquele abraço de urso,
que me expulsa ainda mais para perto
do que eu pensei ser um fim que nunca acaba.

Hoje, eu sei, nada vale mais que um sorriso,
mais que um abrigo que sempre acolhe,
nada mais vale que voar, voar, voar
e voltar sempre para a terra fixa do amor.

3 comentários:

Quintal de Om disse...

E nada vale mais que amar, amar, amar... Se reter em um abraço e ainda assim ser livre, livre, livre. Beijo meu no vento e um abraço até você.

Erica de Paula disse...

Lindo, lindo, lindo.

Belas palavras para começar 2010.


Bjos no seu coração!

Quintal de Om disse...

"Hoje, eu sei, nada vale mais que um sorriso,
mais que um abrigo que sempre acolhe..."

É, eu também sei!

... E um olhar que abrace a gente e faça assim, abrigo das nossas horas enquanto as mãos tocam silenciosamente aquilo tudo que não tem medida.

Tenha um bom domingo, querido meu.

Sam

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