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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Carcaça das horas

A boca calada revela muito da vela que se apagou
E a chama miúda que fica acesa é forte e derrete
Como um pileque, atordoa.
A tua blusa vermelha é malha rústica,
Ainda lembro,
menina atrevida que,
de vez em quando recebia meus bilhetes de papel marché,
agora, essa aurora de verde e anil
tarda-me a ralhar a consciência.
Amiúde, envelheço com o cair da sombra do abacateiro,
E soluço qualquer remorso pelo abandono
Do que me foi largado às beiras da juventude.
Agora, rosa azul, empalideço minha hora
Debruçado sobre o pedestal do tempo
E a cera derretendo em meu corpo
A inútil carcaça da existência.

3 comentários:

Dauri Batisti disse...

O tempo nos desafia, mas nos encanta. Deus é eterno, nossos verbos tem tempos, diz Adélia Prado. O tempo nos corroi e nos propõe a criação de um universo imenso dentro do coração.

Sueli Maia (Mai) disse...

Segundos em segundos passam. Minutos também. As horas, os homens contam e também suas histórias sobre o tempo.
Há carcaças e há o tempo que entulha inutilidades...

Márcio, continuas belíssimo.

Beijos.

Flávia disse...

E quanto cansaço a gente carrega nessa carcaça existencial. Conforto é saber que um dia, sem esperar, acontece algo que alivia esse peso e nos deixa leves como plumas ao vento.

Beijo, querido.

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